sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

carta a um amigo




carta a um amigo:
«...porque o meu ser____ sustido pela vida e pela morte_________arquiva as palavras_ não somente dos poetas____mas dos seres___terrestres____dos pássaros____dos gatos_____do mar________dos rostos________dos sofrimentos____da guerra________da esperança_______do espelho do olhar_______das almas. .porque o tempo em que vivo___morre_____num porto de África____junto ao Geba_____onde nasceu. .porque se o tempo albergar______________como um rio___onde tudo flui_____ as quimeras_______dos humanos____Ah_então___________não haveria tempo ___para tantos séculos de história__________nem espaço para os tomos de ciências ancestrais. os rios também secam________e nem a cinza___nem o fumo___tinham os contos de Torga para narrar____..que do nada ao menos fique________ minha razão de viver________meu filho____ventre rasgado______para teu viver______meu monumento de palavras.
.porque do trabalho acordo-me_________ser aprisionado___________
abre-se um lugar________no silêncio do poente dos dias_________e aos poetas só se pedem palavras____e_____silêncios__________________________________.
.porque somos assim________ numa guerra assimétrica___a doer_______a erradicar famílias_________somos assim humanos______de Deus. que fique só_____ um monumento de palavras____sem dor__sem mágoas. .porque o meu ser____ sustido pela vida e pela morte____arquiva sofrimentos____da guerra________da esperança_______do espelho do olhar_______das almas...» in cerne e o verso II, Cristina Correia