segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O sol da savana


O sol intenso a bater na savana, o replicar constante da cigarra, o cheiro acre a terra húmida e aquela curva no fundo da picada que a vista esperta mal alcança, tem sombra de cajueiro, tem fruto de djambalau, tem gente muito chonguila, tem bicho maningue mau. Tem vida que vai e que vem. Tem vida que vai e não volta.

Ali, onde o homem e a natureza se fundem e se confundem. Onde trocam olhares cúmplices. Onde se enamoram e sorriem ao tempo que passa, que passa devagar, devagarzinho, num olhar que chiqui-chiqui noutro olhar. Ali, onde o bafo quente em forma de vento manso, afaga um encantamento doce que ondula ao som longínquo do batuque e da timbila seu sentimento primoroso que outro sentimento lhe há-de acorrentar.

Ali, onde o chamamento rijo brota musculoso das profundezas da terra no agitar maluco duma marrabenta que ecoa desvairada na tarde finda que a noite estrelada vai chamando. Ali, onde a sura, seiva da palma, faz feitiço possante nas cabeças, sente-se vibrar o trepidar forte dos corpos felinos que desafiam o danado do xicuembo e lhe fazem figas de eternos desafios.

Ali, onde o bicho fome bota fora, no caminho da estrada, sua força de grandeza grande, noutro bicho que outro bicho, outro dia, lhe vai comer.

Ali, onde a gente não tem mais nada que sua presença na planície larga, onde a vida não sabe que um dia vai, o sorriso vem num raio de sol… e passa de mão em mão… fazendo quantidade imensa a alegria que recebeu, em dia de saguate, da mão de seu irmão.


José António Santos


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Livros com Ideias Dentro


Livros com Ideias Dentro
Autor: António Rego Chaves
Editora: Campo das Letras
Ano: 2008
Género: Literarura


O autor:
António Rego Chaves nasceu em 1939, tendo-se licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi jornalista profissional e repórter internacional de 1968 a 2003 no Diário Popular e no Diário de Notícias, jornal onde também desempenhou funções de editorialista e colunista. Colaborou, antes do 25 de Abril, na revista Seara Nova e no semanário O Comércio do Funchal, sobretudo na área da política internacional. No suplemento DNA, do Diário de Notícias, e na página “Livros” do mesmo matutino, assinou numerosos ensaios e recensões críticas de âmbito filosófico, bem como os textos “Vinte e Quatro Diálogos Bíblicos" e “Encontros em Florença”. Juntamente com Ana Marques Gastão e Armando Silva Carvalho é autor de “Três Vezes Deus”.
A obra:
O livro pretende chamar a atenção para obras que, embora muito importantes, correm o risco de ser preteridas em favor de múltiplas temáticas fúteis que cada vez mais parecem ir ao encontro da procura de grande parte de leitores. Nestas recensões críticas, escolhidas entre cerca de duas centenas publicadas no Jornal de Negócios, aborda-se o pensamento de dezenas de intelectuais, portugueses e estrangeiros, cujo pensamento não deveria ser ignorado pelo nosso tempo – de Amos Oz, António Sérgio, Arendt, Beauvoir ou Camus a Manuel Laranjeira, Simone Weil, Unamuno, Voltaire ou Wittgenstein.

«Durante muitos anos, décadas, os jornais constituíram-se, entre outras coisas, em difusores de informações sobre os livros que iam sendo publicados (e sobre os filmes e peças de teatro que estreavam…). Faziam-no com cariz mais ou menos profundo, variando do simples registo de saída à avaliação do seu significado, estilo, interesse... Neste caso, pela mão de gente que, de uma forma ou outra, estava abalizada para o efeito. Havia os suplementos, mas também a divulgação esparsa, em muitos deles…Os jornais têm mudado, os leitores também, às vezes por causa de uns e dos outros, quando não mais destes do que daqueles. Ou seja, não consta que alguma vez os leitores tenham manifestado rejeição pela informação literária, entendendo-a não só como referente a livros, mas também a autores, a editoras, ou ao que a tal se referisse.Não consta esse desinteresse, mas a pouco e pouco os periódicos foram deixando cair o que a esta matéria se referia, a menos que alguma janela de interesse comercial aparecesse. E chegou-se ao que há hoje: nem suplementos com vocação para as artes e letras, nem informação avulsa ou organizada sobre esse mundo. Há excepções, mas mesmo entre os jornais ditos de referência a sobrevivência parece custosa.Vem isto a propósito de António Rego Chaves, um jornalista que atravessou uma boa parte da segunda metade do século XX, homem formado na Filosofia, mas que pela mão do jornalismo viu o (nosso) mundo, e o registou sob a forma de reportagem. Mas também das tais notas de leitura, ou de textos de opinião, e o mais que levou o jornalismo à categoria de fonte de poder – mais do que exercício do poder.Ao longo da vida, este jornalismo repartiu-se nesses dois registos, e outros. No caso, tendo passado por jornais generalistas, como o Diário Popular e o Diário de Notícias, acabou por seleccionar de larga colaboração no Jornal de Negócios um conjunto de 44 referências a obras – que na verdade eram justificação para abordar o pensamento dos seus autores. E porque estes eram nomes importantes, tanto da literatura pura como de sectores e actividades a que se dedicaram, o leitor era realmente encaminhado para o ângulo de leitura pretendido.É o caso, por exemplo, de uma biografia de Maquiavel, com a defesa de que não se deve tomar na sua obra o que é descritivo por normativo, ou seja, é de lê-lo como «um arguto repórter e um lúcido historiador de comportamentos dos políticos».Ou seja, este jornalista da política da sua época mais não queria do que «aprender a jogar com inteligência e eficácia o jogo que seriam forçados a jogar no interior do temível ninho de víboras habitado pela ‘classe política’». Assim sendo, Maquiavel acabaria por ter o destino dos mensageiros das más notícias: o que levou à conotação dicionarística do maquiavelismo com amoralismo.Juntas, em livro, estas críticas de livros têm mais do que um mérito. Mas, desde logo, ressalta o de dar unidade à leitura de um conjunto de edições não muito antigas, e que em alguns dos casos, pelo menos, com o sopro do calendário se apagam nas memórias – e nas páginas dos jornais que inicialmente as acolheram.»

«“Livros com Ideias Dentro” de António Rego Chaves é um percurso que nos revela um conjunto diversificado, mas de grande interesse, de obras e de autores. Com grande cuidado na escolha dos livros e no tratamento das ideias que estes contêm, o autor organizou uma obra de qualidade, que nos permite ver pelos olhos de quem nos conduz um verdadeiro caleidoscópio que nos faz compreender melhor o mundo em que vivemos. Trata-se de textos jornalísticos de uma grande sensibilidade e exigência, que correspondem a uma concepção de elevado sentido cívico e ético sobre o serviço público cultural do jornalista, o que é de realçar.

COMO NUM PEQUENO DICIONÁRIO, o jornalista (que é sobretudo ensaísta) apresenta-nos os diversos livros analisados por ordem alfabética de autores, o que nos permite construirmos o nosso próprio percurso de leitura ou seguir, de modo aleatório, sem continuidade cronológica, as obras que nos são propostas. Ambos os caminhos reservam-nos um contacto muito estimulante com as reflexões feitas. De facto, estamos perante obra de ideias, que estimula o sentido crítico, o que é uma virtude que tem de ser elogiada. Logo de início, lemos sobre o Abbé Pierre: “Não foi o único, mas poderá ter sido, no século XX, um dos raros ‘santos’ cristãos”. A afirmação dá o tom do livro. António Rego Chaves nunca deixa o leitor em descanso ou em atitude conformista. Gosta de desinquietar, mobilizando os leitores para a sua atitude de agitar águas e de lançar desafios inteligentes. E nesse primeiro texto, ressalta a afirmação do próprio Abade: “A luta pelo meu pão pode ser materialismo; mas a luta pelo pão dos outros já é espiritualismo”. De facto, num tempo em que o dinheiro faz correr todo o mundo, o sacerdote francês foi sempre motivado por esse estranho mas apaixonante desafio que é o Amor. E a análise do livro “Porquê, meu Deus?”, de um “santo” que era cristão, é centrada, no essencial, nessa procura e nesse constante pôr em causa das considerações redutoras que, às vezes, em nome da pureza dos princípios, escondem a desconfiança e a idolatria. Aliás, logo a seguir fala de Amos Oz e de “Contra o Fanatismo”. E Rego Chaves põe especial ênfase na resposta à pergunta: qual a essência do fanatismo? Trata-se do “desejo de obrigar os outros a mudar” – diz Amos Oz. (…) “O fanático é um grande altruísta. Está mais interessado nos outros do que em si próprio”. (…) O fanático morre de amores pelo outro. Das duas uma: ou nos deita os braços ao pescoço porque nos ama de verdade, ou se atira à nossa garganta no caso de sermos irrecuperáveis”… E depois António Sérgio vem-nos alertar (sobre a inexistência de uma Civilização Cristã) para que “não seria possível servir a dois senhores, Deus e o dinheiro. Uma forma de civilização caracterizada pela competição e pela guerra entre os homens para chamarem a si o dinheiro não seria digna de ser classificada como cristã”. De facto, ao apresentar-nos um conjunto de comentários a livros, publicados no “Jornal de Negócios”, Rego Chaves vai pondo pedras no caminho que assinalam estimulantes sentidos de responsabilidade crítica.

TEMAS SUCEDEM-SE. Hannah Arendt, Beauvoir, Camus, Celan, Heidegger, Jünger, Küng, Hobsbawm, Malraux, Marx, Sartre, Simone Weil e Wittgenstein… Eis um percurso não exautivo. O totalitarismo de Arendt fica subalternizado perante a deslumbrante magia de “A Vida do Espírito”. Sobre Simone de Beauvoir e Sartre fala-se das polémicas do tempo e de estranhas reacções a “Le Deuxième Sexe” e ao seu sentido emancipador, que levariam Jean-Marie Domenach a dizer “é necessário não impor ao cristianismo os óculos da moral burguesa”. E Jean Paul Sartre aparece-nos a afirmar não só que foi “conduzido à descrença, não pelo conflito dos dogmas, mas pela indiferença dos meus avós”, mas também que “a esperança é a relação do homem com o seu fim, relação que existe mesmo se o fim não é atingido”. Camus é visto pelos olhos de uma decepção, a propósito de um número do “Magazine Littéraire”, onde algumas simplificações não retratam por inteiro o cidadão – correndo-se o risco de cair no anacronismo histórico. O diálogo Celan-Heidegger, de um poeta e de um filósofo, revela-nos o claro e o escuro de uma relação equívoca, em que o poeta romeno alimenta sentimentos contraditórios a propósito do pensador, que transportou sempre consigo a terrível contradição de ter contribuído para a “malignidade do mal” nazi e de ser um dos filósofos mais estimulantes do seu século. E uma última carta, que teria ficado por enviar, dá bem conta desse paradoxo de admiração e repulsa: “pelo vosso comportamento enfraqueceis de maneira decisiva o poético e ouso suspeitá-lo o filosófico na vontade séria de responsabilidade que pertence a ambos”… Ernst Jünger é um curioso paradigma do século XX. Indiscutivelmente um grande escritor, faz-se no cadinho de um século de belicismo e de violência. A sua originalidade está na tentativa de “elevar a literatura à categoria de experiência de vida”. Diz-nos, assim, que “como instinto sexual, a guerra não é instituída pelo homem, é lei da natureza, e por isso nunca poderemos fugir do seu império”. E Rego Chaves comenta: “dir-se-ia que o fantasma de Nietzsche, enfim reconciliado com o de Wagner, tomara Bayreuth de assalto para a transformar em capital da ópera bufa”. Por outro lado, a coerência de Hans Küng é recordada na sentença: “quando a Igreja não realiza a causa de Jesus Cristo ou a distorce, peca contra o seu próprio ser e perde esse ser”. Eric Hobsbawm, historiador marxista, cujos brilhantismo e força intuitiva servem para ultrapassar quaisquer barreiras ideológicas para os seus leitores, surge na força da sua persistência: “Não devemos depor as armas, por mais ingratos que os tempos de mostrem. É necessário continuar a denunciar e a combater a injustiça social. Se nos limitarmos a deixá-lo entregue a si próprio, o mundo não se tornará automaticamente melhor”. A propósito de André Malraux, o autor fala-nos de uma leviana idiotice, de uma profecia desmentida pelo próprio: “o século XX será religioso ou não será”. Nunca o disse, e a citação só poderia fazê-la quem ignorasse o homem desolado do fim da vida, para quem, apesar de perseguido pelos espectros de Pascal, de Kierkegaard e de Dostoievsi, “o incognoscível absoluto não é um domínio de dúvida; é tão imperioso como as fés sucessivas da humanidade”. Sobre Karl Marx, António Rego Chaves fala do desconhecido – que “não era determinista, nem inimigo das liberdades individuais, nem da propriedade privada, nem da fé e da religião”. Estamos perante outro lado do problema quando se trata de analisar (à luz quiçá cartesiana) o autor dos “Manuscritos de 1844” e do “Manifesto do Partido Comunista”, e é sempre fundamental desmontar as ideias falsamente feitas e condicionadas pelas próprias vicissitudes da história. Com “A Gravidade e a Graça” de Simone Weil, o autor cita: “o mundo tem necessidade de santos que tenham génio, tal como uma cidade com peste tem necessidade de médicos”. E ARC comenta: “o mesmo é dizer que a força da gravidade (natureza) precisa de ser atraída, elevada e transfigurada pela luz da graça, do sobrenatural, da caridade”…


SILÊNCIOS E O GRITO – “Os Cadernos” de Wittgenstein, dos anos de 1914 a 1916 constituem motivo para uma reflexão especial, na linha do que Rego Chaves já tem trabalhado. O percurso do pensador austríaco não é isento de dúvidas, hesitações, perplexidades e aproveitamentos. E, como afirmou, Eckard Nordhofen: “A velha disputa sobre o famoso silêncio que aparece no final do Tractatus é um silêncio sobre algo ou é um silêncio sobre nada, ficou sem dúvida resolvida. É um silêncio sobre algo, sobre o mais importante, sobre aquilo que não se deixa dizer. É teologia negativa no seu grau mais puro”. Ou não fosse a obra um constante apelo a ler mais, para tentar compreender melhor!
(Guilherme d'Oliveira Martins)

O Pensador, de Rodin.
A actualidade do implacável Maquiavel Saindo em louvor do politicólogo Maquiavel e do seu implacável “O Príncipe”, no texto titulado, precisamente, “Em louvor de O Príncipe”, António Rego Chaves relembra o que disse Francis Bacon daquela obra: “Estamos muito reconhecidos a Maquiavel e a outros como ele, que escreveram aquilo que os homens fazem, e não aquilo que devem fazer.”Salientando que o autor quinhentista continua a ser incompreendido pela generalidade dos seus leitores, A. Rego Chaves remete, ilustrando, para o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa que define “levianamente o “maquievalismo” como sistema político, baseado nas ideias do escritor e político florentino Maquiavel e caracterizado pelo princípio amoral de que os fins justificam todos os meios e que a arte de governar deve estar acima de todas as preocupações de carácter ético, religioso…”. O italiano, defende-se, “queria desvendar aos seus contemporâneos os segredos do realismo político, a invenção, a táctica e a estratégia, a ‘ciência’ do Poder”, limitando-se a proclamar “não apenas que o rei ia nu, mas que os príncipes antigos e os da sua época sempre tinham andado em pelota, ainda que nenhum deles tivesse admitido tal prática.”

A enformar a argumentação, o texto chama Jean Giono, que se pronunciou sobre as “Concepções psicológicas, sociais e políticas” de Maquiavel: o seu grande conhecimento da alma humana fá-lo crer que “para ele, um homem de confiança é um homem que se pode comprar”, sabendo que “não se pode confiar totalmente senão nas fraquezas e, em particular, no interesse pessoal”.

E António Rego Chaves acrescenta: «Pessimista, Maquiavel? Tememos bem que não. Considerava que “é necessário ser um príncipe para compreender totalmente a natureza do povo e ser um vulgar cidadão para compreender totalmente a natureza dos príncipes.” Talvez tenha encarado o cruel César Bórgia, filho do não menos cruel Papa Alexandre VI e aventureiro sem escrúpulos, como o “governante perfeito”, pois aprendera à sua custa que “aquele que negligencia aquilo que é feito em benefício daquilo que devia ser feito efectiva mais rapidamente a sua ruína do que a sua preservação”. Também sabia, por saber de experiência feito, que os homens “são ingratos”, inconstantes, mentirosos e velhacos, fogem do perigo e são gananciosos” e não vislumbrava qualquer espécie de “salvação” para aquilo que considerava ser a natureza humana, estando convicto de que ninguém poderia ser ao mesmo tempo um bom cristão e um governante forte, condição esta indispensável ao eficaz exercício do poder.”

Segundo A. Rego Chaves, o «arguto repórter» e “lúcido historiador de comportamentos dos políticos” que foi Maquiavel, permitiu-lhe constatar que o objectivo da acção dos políticos “não seria, segundo lhe foi dado a observar, pôr em prática grandes ideais capazes de conduzir a Humanidade à formação e consolidação de sociedades mais perfeitas, mas apenas jogar o jogo do Poder – para o ganhar, seja a que preço for, retirando qualquer carga moral aos meios utilizados para alcançar os seus fins egoístas. Para os governantes – mas não para o repórter e historiador Maquiavel – tais mesquinhos fins, justificariam, de facto, todos os meios.”Pertinentemente pois temos de aquiescer, António Rego Chaves refere que “a denúncia do florentino em nada contribuiu para alterar a prática dos líderes políticos que nos últimos cinco séculos se têm assenhoreado dos destinos dos povos.”».
(Teresa Sá Couto)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Os homens vivem juntos, porém cada um morre sozinho e a morte é a suprema solidão.
Miguel Unamuno

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Suzana Ralha e o Bando dos Gambozinos


Suzana Ralha nasceu no Porto em 1958, cidade onde estudou música e piano, sendo aluna de Helena Sá e Costa. Desenvolveu a partir de 1975 uma intensa actividade musical na área da educação, criando o Bando dos Gambozinos, uma associação cultural de educação pela arte, sem fins lucrativos, que continua hoje ainda a funcionar na cidade. Do seu currículo contam-se dezenas de participações em colóquios, conferências e realizações na área da Educação, acções de formação de monitores e professores, tendo sido responsável na Casa da Música por algumas das mais significativas acções do Departamento Educativo que integrou e chegou a dirigir, como sejam as óperas de comunidade Wozzeck e Demolição. É autora de mais de uma centena de cantigas para a infância, grande parte das quais editada num conjunto de uma dezena de trabalhos discográficos e literários publicados desde 1980. Grande parte destes inéditos é constituída por abordagens musicais temáticas à poesia de autores portugueses como, Luísa Ducla Soares, Matilde Rosa Araújo, Manuel António Pina e muitos outros. Em meados dos anos 90 dirigiu o Bando dos Gambozinos na primeira gravação integral das Cançõezinhas da Tila, de Fernando Lopes-Graça. Pelos Gambozinos, nas diversas formas das expressões artísticas, têm passado centenas de crianças e jovens, alguns dos quais continuam ligados às actividades da associação através dos respectivos filhos que hoje as frequentam. No âmbito dos Gambozinos ou fora da associação, são inúmeras as colaborações de Suzana Ralha com uma grande variedade de autores e artistas portugueses. Do seu trabalho e dos Gambozinos escreveu o poeta e especialista em literatura para a infância, José António Gomes, que “os Gambozinos vêm construindo, com a ajuda de outros músicos e de vários poetas, o cancioneiro infantil e juvenil português da viragem do século e do milénio”.

A Casa do Silêncio. Bando dos Gambozinos, 25 anos


A Casa do Silêncio. Bando dos Gambozinos, 25 anos

"Tantas maneiras de ver e viver" (com 2 Cd's)
de Susana Ralha

Edição/reimpressão: 2000
Páginas: 60
Editor: Edições Afrontamento
ISBN: 9789723605440
Colecção:
Tretas e Letras