quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

4 Poemas, 4 Mulheres…


"Mãos de Vida" Noémia Travassos

Mulher Mãe
Do meu mar imenso extravasa, fronteiras
que das lembranças do meu ser, tua visita é presença.
E do meu olhar das parcelas dispersas, até à eternidade,
sinto teu olhar intranquilo, aveludado...
Até sorver o pensamento do universo
comungamos palavras adormecidas e outras vozes...
Ressuscito poemas e nas vozes dos anjos,
ventanias de aromas povoam as casas de pedra da aldeia do mundo,
o âmbar e a cidreira repousam junto das nossas memórias,
almas unidas até além da morte... Mulher,
somos verbo, pujança e trilho.
E quando o céu povoa silêncios, recolhemos
e reunidas reinventamos as palavras
adormecidas nas vozes de estrelas,
guardiãs da nossa consciência, eternamente.
E lutamos.

Mulher Solidão
No burilar da minha solidão
viajo pelo mundo, sem tempo
minha asa pousa "no parapeito da janela do silêncio"
e cai
uma lágrima quente a doer, sem voz
ave ferida...
No burilar da minha solidão
arranco da terra sofrida
a solidão presente
e convivo
nos momentos-horizontes
odor de gaivota-mar.
No burilar da minha solidão
escrevo na água "memória do sempre"
sílabas de paz, fugindo de feridas,
pedindo a Deus
retalhos rendilhados de júbilo
repletos de luz.
No burilar da minha solidão
guardo um musgo,
anos que me restam de vida...
diluída em oração,
sou raiz a "visitar os meus sonhos"
somos nós, a viagem e o tempo.

Mulheres, Comovidas e Mudas
Ainda sinto o rosto molhado,
por entre as rugas, a água teima em não secar,
e no meu peito rasgado de dor
a angústia de não ter "pátria",
fere-me a alma.
...E num canto de mim,
guardo um musgo,
não de trevas
mas de luz...
Sou benigna,
não sou ninguém!
Sou apenas, sonho, fé,
passos d'alma,
calcorreando
o desconhecido.
No meu incauto,
tenho a minha humanidade!
Levanto-a, como um círio,
a flamejar na noite escura,
e sinto pregos, e seiva,
e hinos em meu peito...
Ah!
Eu amo o Genuíno e o Labor,
Amo as gentes, as palavras, os sonhos...
O sentido das palavras, e das emoções,
Sou apenas, Mulher.

Mulher Coragem
Escuta.
Quero dizer-te
um pequeno segredo.
És a força da Natureza,
De todas as raças, em todos os cantos.
De onde tu vens, tão corajosa!
Meus olhos pousam em ti,
Na tua cândida ternura,
Na tua alma em luto.
Deixa que a vida me diga de ti,
O trabalho, a labuta, a faina…
as mãos gretadas, o perfume das rosas
no teu corpo abençoado.
Deixa que a vida me diga de ti,
o rosto da humanidade sofrida,
o fruto do amanhã, a esperança no infinito,
o presente, Sempre.

Cristina Correia, in III e IV Antologia Poetas Lusófonos.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

BOM ANO 2012

domingo, 18 de dezembro de 2011

onde a bondade ainda brilha

Terra de ninguém
Imagino que à passagem do tempo
somos uma estância em metamorfose,
percorremos o limite da utopia
a cada batimento da terra
e, só o silêncio nos é revelado.
Basta ler os lugares dos sonhos
e, de quem os habita.
Mas, na orla infinita do tempo incerto
da passagem da nossa existência humana
há ainda versos por ler
no enleio do fio dos dias.
Nada que agrida me é semelhante.
Nada que floresça me é indiferente.
Atravesso desertos
e, nos desencontros
descubro sinais visíveis, mil reflexos
de sustos e refúgios.
Inocularia na humanidade
alimento indispensável
para as almas da terra de ninguém,
onde a bondade ainda brilha.
Oiço, apenas, a memória que madruga
no envelhecimento da paz.
Cristina Correia

ao monólogo de uma Ave Maria

Suspendo-me
vou ao encontro das palavras adormecidas,
da solidão
faço amor com os poemas,
cicio sílabas espalhadas no meu leito
onde se oculta o verso silencioso,
cristal devoção,
porque a alma, essa, remida,
só os deuses a tocam
num pulsar indomável de fantasia,
concilio-me com a natureza
ao monólogo de uma Ave Maria...
CCorreia

Silencioso diálogo...

É tempo de espera
ou
apenas
estranho tempo em mim se esgota,
o linho, os frutos, a memória.
Encontro pinturas animistas
a povoar o cântico das palavras.
Os meus passos peregrinos caminham
com amor
até à eternidade.
in Cerne e o Verso, Cristina Correia.

Encontro de poemas

Encontro de poemas
O poema é a minha árvore_____
cuja flor é a sílaba na raiz
__ unge uma gota de chuva____
um substantivo breve.
Na minha árvore ateias perfume
e no adjectivo agigantado
coroas todos os meus versos______
Muitas vezes sinto o silêncio dos montes___
em voz alta, rezo de mãos postas,
a Deus
que me não falte.
Nunca pensei,
nesta comunhão de poemas
como se fossem troncos de árvores
a dizer oração
São gotas luminosas, cruzando-se_________
__ de mãos dadas, singulares
Talvez comparáveis________
a pegadas de Deus.

Recantos
Enquanto o poema não se cumprir
permanecemos
lírios.
Sonhar um verso puro________a reconciliar o tempo,
o branco entre as palavras,
o ar que envolve as horas,
para Te ler.
A incerteza de todos, os poetas,
mora nos hiatos,
na curva infinita,
sempre,
a reinventar forças_____sem colher um abrigo.
Juntos continuamos o caminho_______no qual,
as sílabas companheiras_______se entregam a completar silêncios_______
E, os rios acontecem.
CCorreia

Casa de fados.

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domingo, 11 de dezembro de 2011

Boas Festas....

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Casa do Professor comemora o Fado como Património Imaterial da Humanidade | Casa do Professor | 3 dez.


Casa do Professor comemora o Fado como Património Imaterial da Humanidade
- JANELA DE FADOS com Isilda Miranda, Manuel Lima, Henrique Lima e Luís Capela |
Casa do Professor | 3 dez.