sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

À Procura de Uma Identidade Cultural - o trabalho e o lazer no contexto rural do espaço duriense


Miguel Torga – Trabalho e lazer no “Reino Maravilhoso”

1. Breve apontamento bio-bibliográfico sobre Miguel Torga

Miguel Torga nasceu no ano de 1907 em São Martinho de Anta - Vila Real.
O escritor português frequentou o Seminário de Lamego, mas cedo emigrou para o Brasil onde trabalhou arduamente.
Já em Portugal, entre 1926 e 1933, frequentou e terminou o Curso de Medicina na cidade de Coimbra. Com alguns poetas e doutrinários, em 1927, comungou do projecto literário Presença - Folha de Arte e Crítica, do qual fizeram parte, entre outros, Vitorino Nemésio, Irene Lisboa, Casais Monteiro, João Gaspar Simões, José Régio.
Segundo Jacinto Prado Coelho[1] os Presencistas advogam uma arte, comunicada pela humanidade densa, precisando o artista de ser um Homem rico em experiência humana, com uma finalidade estética.
Porém, Miguel Torga aderiu e lançou-se noutros projectos, como a participação em Sinal e Manifesto, revistas de divulgação do modernismo e da arte viva e vigorosa, que valorizam a memória escrita, dignificando o homem como ser.
António Freire considera que

Os factos e circunstâncias ambientais que condicionam a vida de Miguel Torga são redutíveis a quatro elementos básicos: família rural de aldeia transmontana; Seminário de Lamego; emigrante no Brasil; vida em Coimbra. Aqui devem situar-se duas vertentes: a profissão e a vocação artística.[2]

A obra de Torga, como sublinha J. B. Chorão, ilustra a realidade, a odisseia de um povo maravilhoso, dentro dum espaço universal. Trás-os-Montes é, por excelência, a essência da sua obra, o palco que o autor evoca, narrando as venturas dos seus personagens. O escritor consegue, com profundo sentimento de identidade, dar um sentido divino ao espaço, que funciona como terra genesíaca.

A terra é o santuário da sua peregrinação contínua, a sua paixão, diria mesmo a sua obsessão. Mas, ao contrário do francês do rien que la terre, Torga ausculta na terra o que, brotando dela, se ergue acima da terra. A terra é o lugar concreto da aventura humana - da aventura singular e colectiva -, mas, subterrânea a essa história visível, registada em factos, nomes e datas, há outra história, uma história invisível e secreta, de que perdemos muitas vezes a chave e o sentido.[3]

Também David Mourão-Ferreira refere:

De entre os maiores escritores do mundo de hoje - em cujo número, aliás restrito, se conta indubitavelmente, por diversas razões, o nome de Miguel Torga - bem raros serão, como ele, personalidades de tão nítido recorte individual e, ao mesmo tempo, personalidades tão emblematicamente representativas desta crescente sucessão de realidades: a terra que os viu nascer; a língua que os foi formando; os gradativos contextos - tanto geofísicos como culturais - em que essa terra e essa língua se integram; finalmente o conjunto, ainda muito mais vasto, daquela humaine condition de cuja forme entière justamente um Montaigne se sabia também portador e intérprete. [4]

Miguel Torga foi um criador de inquietação espiritual - que nasceu para cantar a glória da vida. Realça a palavra, tornando-a verdadeira poesia.
A sua obra é testemunho de um homem e de um poeta que teve da vida e da arte um profundo entendimento. Em registo autobiográfico Torga escreve, por volta de 1950:

Gosta de música, particularmente de Bach.
Mas do que gosta a valer, é de calcorrear os montes do seu Douro transmontano e os paúis dos
campos do Mondego à caça de perdizes e de narcejas. (...)
Gosta da solidão, e preza muito quem lha respeita. (...)
Anda sempre a morrer, e não há ninguém que gaste mais energia. (...)
Se pudesse recomeçar a vida gostaria de ser mais poeta ainda.
Vive pelos nervos.
Não há ninguém mais amigo dos seus amigos, e tão mal compreendido por eles.
A arte para ele não é uma ambição: é um destino.
A sua terra é para ele como para uma planta: sítio de deitar raízes.[5]

Torga foi um autor consagrado e premiado com diversos títulos, entre os quais distinguimos o Prémio Camões, que recebeu em 1989. Faleceu em 1995.
Linhares Filho salienta a propósito de Torga:

Terminada a leitura de toda a obra poética de Torga, a impressão que nos fica, ligada à consciência que em nós se formou da grandeza artística dessa obra, é a de plenitude, isto é, de completa realização estética, abrangendo o psicossocial, o telúrico e o ontológico, o que equivale a dizer o humano em sua essência.[6]

Embora a forte ligação à terra de Trás-os-Montes seja uma constante na obra de Torga, o escritor é intérprete de um sentir humano, universal:

Torga é um poeta em quem um país se diz (...) Um poeta que através de uma apaixonada consciência do país natal nos ensina a procurar a verdade universal da nossa habitação humana terrestre.[7]

Escritor independente, política e socialmente, nunca se integrou em correntes literárias. Escrever, para Torga, é, sobretudo, um acto ontológico. Repare-se como critica as teorias estruturalistas aplicadas à literatura, num texto de Junho de 1976 extraído do último volume do Diário:

Que é senão vontade de destruição essa gana sistemática de análise, que disseca uma página tão encarniçadamente que a deixa seca, mumificada? (...)Mas o verbo incarnado resiste a tudo. Outrora, à caturrice dos gramáticos; agora à filáucia dos cientistas. Escrever é um acto ontológico. (Diário XII, p.150.) [8]

Miguel Torga usa a linguagem de uma determinada região. Verifica-se também que seus contos se passam em lugares pobres, denunciando a miséria em que vivem as pessoas, como por exemplo os cardenhos onde viviam os trabalhadores das vindimas. No entanto, a sua narração também é de cunho metafísico: na sua obra encontram-se muitas questões sobre a vida, o homem, o mundo, a morte, o destino, Deus.

Das suas obras constam:
Poesia - Ansiedade (1928), Rampa (1930), Tributo (1931), Abismo (1932), O outro Livro de Job (1936), Lamentações (1943), Libertação (1944), Odes (1946), Nihil Sibi (1948), Cântico do homem (1950), Alguns poemas ibéricos (1952), Penas do purgatório (1954), Orfeu rebelde (1958), Câmara ardente (1962), Poemas ibéricos (1965).
Ficção - Pão ázimo (1931), A Terceira voz (1934), A Criação do mundo (5 volumes, 1937, 1938, 1939, 1974, 1980), Bichos (contos, 1940), Contos da montanha (1941), O Senhor Ventura (1943), Novos contos da Montanha (1944), Vindima (romance, 1945), Pedras lavradas (contos, 1951).
Teatro – Terra firme (1941), Mar (1941), O Paraíso (1949).
Literatura autobiográfica – Diário (16 volumes, 1941 –1995), Portugal (1950).

2. Trabalho e lazer em alguns textos do autor

Um conjunto de manifestações de cultura popular tradicional surgidas de forma espontânea, como, por exemplo, a língua, a dança, os contos, os jogos, a música, o artesanato, os provérbios, etc., retratam a alma de um povo. Carregados de valores estéticos e exprimindo sentimentos, vão influenciando a cultura de um país.
Todas estas manifestações funcionam como um arquivo onde se conserva a memória colectiva de um povo, onde todo o saber e conhecimento tradicional é transportado para as gerações seguintes, numa simbiose de oralidade, escrita e vivências praticadas em épocas festivas e momentos históricos. Deste modo, através da literatura, de registos musicais e outros, a cultura actua como elemento de coesão da sociedade humana, e ao mesmo tempo, como elemento identificador de um povo.
É de salientar a importância das classes rurais neste processo. Elas são o húmus da cultura tradicional, levam-na consigo para toda a parte, difundindo-a e adaptando-a, «pelo Norte e pelo Sul do Rio Douro, onde multidões se encontram durante as semanas das vindimas.»[9]
Lendo e analisando o romance Vindima[10] de Miguel Torga, partimos para o Mundo, apelando para a importância histórica do Douro, raiz do povo português, para que o Douro seja sempre respeitado como Património Mundial da Humanidade.[11]
A obra de Miguel Torga fala da região transmontana e da do Douro, focando as suas riquezas e pobrezas, falando do povo, das gentes, dos comportamentos, hábitos e modos de estar no mundo.
Situa espacialmente as suas criações nestas regiões. E é aqui que se movimentam grande parte das personagens da sua ficção. São personagens possuidoras de caracteres humanos, com defeitos e virtudes.

O senhor Lopes, apertado entre dois corpos vizinhos e dois cabazes, rilhava os dentes a olhar os intrusos. Gente miserável, suja, magra, numa ânsia dolorosa de viver e de vencer.
Também ele fora assim, matrapilhoso e sôfrego. De humilde condição, quisera a todo o custo triunfar. E subira! De degrau em degrau, Deus sabe por que processos, chegara.[12]

Não conquistara a serena estabilidade dos eleitos. Por mais voltas que desse, era um condenado às penas de um purgatório social. O inferno em baixo, o céu em cima, e ele no meio, entre o ódio e o desprezo.
Mas a dor aguda voltou meia hora depois, quando passou carrancudo por entre alas dos seus trabalhadores, perfilados, humildes, mansos como cordeiros. Aquele respeito não tinha o gosto da submissão definitiva. Sabia-lhe ao trovisco de uma resignação provisória.[13]

E a quase mudez indignada do início transformou-se daí a pouco na ruidosa feira de sentimentos, habitual em todas as colheitas, gradas ou não, e particularmente justificada no remate inesperado daquela.
Animados da mesma violência, vinham à tona o ódio, o amor e a compaixão. Toscos e limitados às paredes do seu pequeno mundo, sem cultura e sem horizontes, arrancavam da alma, indiscriminadamente, pedras preciosas e seixos. Instintivos e contraditórios, estavam longe ainda de acertar o passo das paixões no caminho da livre dignidade que de longe lhes acenava. Animais domesticados há muitos mil anos, tomavam por condição o jugo que um gesto quebraria. (...)[14]

Torga valoriza a terra e os homens que nela sofrem e dela vivem. Uma realidade transmontana, dura, fria e pura.
Da sua escrita ressalta uma imagem significativa, infinita, emotiva e exemplar de uma paixão pelo povo português, em particular pelo transmontano, irmão de Torga.
A sua terra de infância é o lastro de toda a sua obra, terra onde «Quem vê o seu povo vê o mundo todo».[15]

Minha terra,
Meu povo,
Que sempre vos amei,
Que sempre vos cantei,
E que nunca jurei
O vosso nome em vão.[16]
(...)

Em Vindima, romance de 1945, Miguel Torga ilustra com paixão e de uma forma singular o seu povo.
Retratando a vindima, deixa transparecer o trabalho árduo dos homens que, para ganhar o pão, têm que sofrer angústias, ansiedades, desenganos. Apesar disso mantêm-se com a alma viva e alegre nas suas tarefas difíceis, como se o destino vivesse lado a lado de Deus.

Embora doridos dos rins, do trabalho e da rigidez cautelosa, pareciam estátuas derrubadas. Estoicamente, concentravam as suas forças e o sofrimento para a possível salvação. Tinham-se erguido já alguns dos companheiros, e saído como fantasmas para a vinha a despejar as necessidades. Haviam voltado a seguir, aliviados e quase a dormir em pé. E também isto os excitava, lhes abria horizontes aos sentidos, que se retraíam ainda mais dentro da pele, vigilantes e matreiros...[17]

A odisseia de um povo em cata de ventura faz relembrar, em parte, neste romance, a Parábola Dos Trabalhadores Na Vinha / Parábola dos Operários da Vinha dos Evangelhos:

O reino dos céus é semelhante a um proprietário que saiu de madrugada a contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com os trabalhadores o salário de um denário por dia e mandou-os para a sua vinha. Cerca da hora terceira saiu e viu que estavam outros, ociosos, na praça, e disse-lhes: «Ide também vós para a vinha e pagar - vos - ei o que for justo.» E eles foram. (...) Com efeito, o Reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar operários para a vinha. Ajustou com eles um denário por dia e enviou-os para a vinha. Cerca da terceira hora, saiu ainda e viu alguns que estavam na praça sem fazer nada. Disse-lhes ele: “Ide também vós para a minha vinha e dar-vos-ei o justo salário”. Eles foram (...) [18]

No romance Vindima, em que Torga emerge para o contemplar, esse povo é já a roga humana que começa a tomar consciência de si mesma, do sofrimento que é herdado e é a herança de gerações.

Eram quarenta pessoas ao todo, entre homens, mulheres e crianças. Foi o Seara, feitor da Cavadinha, que os apalavrou um a um, de casa em casa, mais como anunciador de uma boa-nova do que como contratador de animais de carga. Quem podia com as pernas ia aceitando logo, porque feitas as malhadas, Penaguião é uma eira de palha moída, já bafejada das primeiras aragens frescas, sem ganhos, desolada, à espera das grandes invernias. E quinze dias de trabalho fora apetecem como um bálsamo. Só a Júlia Chona é que não se deixou seduzir pela miragem, e disse alto e bom som que antes queria morrer de fome em Penaguião, de costas direitas, do que estoirar com moscatel, de cadeiras derreadas, no Doiro.[19]

Aparecem retábulos e imagens vivas no decorrer do texto que, deslocando-se num espaço e num tempo onde se cruzam diversas personagens e espaços, englobam o Douro e Lamego:

Numa curva da estrada, o Doiro apareceu. O rio Pinhão, depois de atravessar as duas pontes, a da estrada de macadame e a do caminho de ferro, entrava-lhe no flanco ainda a espumar, e a luz do sol a pino reverberava, crua, no caudal majestoso. Os olhos secos da Montanha, fundos como as fontes de chafurdo, arregalavam-se de espanto diante da levada de oiro. Para muitos o espectáculo não tinha novidade. (...)
Uma sensação de longe, de coisa que arrasta a gente sem a gente querer, tirava-lhes a segurança firme das fragas. [20]

Passada uma hora, entraram no antigo e belo paço episcopal, e, apesar da solidão humana que sentiam longe dos companheiros apetecidos, não se cansavam de admirar a tábua ingénua e sugestiva que os trouxera ali. Aquele Grão Vasco lírico e genesíaco dizia-lhes mais do que o outro, ou os outros, de Viseu e de Tarouca. Aí, a candura rural do desenho perdia-se num formalismo canónico e retórico. Um S. Pedro paramentado, embora de olhar aldeão e matreiro, significava o esmagamento do natural pelos símbolos do sobrenatural. E a sensibilidade pedia-lhes naquela hora uma simples exaltação do que na vida fosse apenas evidência terrena, milagre profano e procriador.
Ora, no quadro que tinham diante havia justamente essa revelação virginal do começo. Um Deus quiromante e fantasista tirava das trevas formas animadas e agradecidas. Uma corte de bichos contemplava, ainda pasmada, o gesto demiúrgico. [21]

Vindima é um belíssimo texto poético que retrata um comportamento colectivo do qual Torga é o pintor, e onde é fácil descortinar o profundo sentimento de identidade do próprio escritor, poeta, médico e sobretudo transmontano.
Sente-se que Torga dá voz, aos que, «(...) toscos e limitados às paredes do seu pequeno mundo, (...)arrancavam da alma, indiscriminadamente, pedras preciosas e seixos.(...)».[22]
O narrador funciona como o eco da dor daqueles que só podem exprimi-la em gritos mudos e suor sofrido.

Descer à Ribeira é uma aventura da Montanha desde que há videiras no mundo. (...)
Pais e filhos jogam naquela lotaria. (...)
O que é, volta, muda-se, varia-se, passam-se quinze dias que não cheiram a tristeza nem a fuligem. Vive-se! [23]

Regressar às origens, apanhar as nossas raízes bem profundas é um cenário que se anuncia constantemente em Vindima.
Através de personagens diversas mostra-se a visão de dois mundos: natureza/cultura, campo/cidade. Da cidade vem-se ao Douro tomar posse do tesouro que assegura a fortuna de uma vida.

Embora a sede da casa comercial fosse em Gaia, de cujos armazéns o vinho saía depois para o mundo inteiro, as fontes da nascente eram no Doiro, e ninguém queria deixar de distinguir com a sua presença, ao menos uma vez no ano, o berço da fortuna. Uma espécie de posse física periódica, que acautelasse de prescrição o maná providencial.[24]

O dr. Bruno não deixara Lisboa para ver vindimar cachos, ou para assistir ao terramoto da nobreza em Portugal. (...) Era uma destas natureza ricas e pobres ao mesmo tempo, movidas por altas ambições que nunca se realizam. Almas que põem tanta avidez no que desejam, tanta inquietação no que procuram, que tudo lhes foge das mãos no momento crucial.[25]

Para os homens e mulheres da terra, porém, a vindima é o tempo e o espaço de renascer, na festa de comunhão com a natureza.

De resto, o grande sonho da terra em todo o ano é entrar numa roga. Descer à Ribeira é uma aventura da Montanha desde que há videiras no mundo. Vai-se à festa pagã da colheita dos cachos com a seiva da mocidade a florir ou com a secura da velhice a reverdecer. A serra dá vinho maduro, doce e cor de topázio, (...) A brancura mansa do leite das ovelhas enche a alma de candura morna e o corpo de uma força virginal e conformada.[26]

Agora o pólo da vida era no Doiro, nas terras do calor e da doçura.
Saíram de Penaguião um domingo de madrugada, debaixo de um céu estrelado que era um altar. (...)[27]

O Autor, para além duma referência moral é sobretudo uma referência cultural, pois a consciência de Portugal é autêntica a nível do sagrado e do religioso:

Mas cingira o sacrifício no seu já crónico vestido negro, severo e triste como um hábito de penitência.[28]
Sagrado coração de Jesus,
Eu tenho confiança em vós.[29]

Todas as indicações ao longo de Vindima, dão ao trabalho vitícola, um sentido mítico, simbólico, religioso.[30]
As edificações durienses unidas a lagares e por vezes a adegas, a beleza das grandes quintas solarengas formam elementos de abundância em contraste com as cardenhas que simbolizam sociologicamente a pobreza. A necessidade de um grupo de homens, mulheres e crianças que se deslocavam a pé, por caminhos íngremes, em animadas e longas jornadas para cumprirem a missão do trabalho, movia pelas encostas as rogas.

Cada canção – um hino de louvor. E os cestos acogulados, que desciam a escadaria de xisto aos ombros dos fiéis devotos, numa fila indiana, sonora e ritual – a dádiva desse amantíssimo Senhor, que só pedia contentamento em troca dos seus frutos. Dir-se-ia que tudo naquele paraíso suspenso se movimentava lúdica e religiosamente. Nenhuma mágoa, nenhum ódio, nenhuma desconfiança do futuro. Alegre, a alma do romeiro entregava-se pressurosamente ao esquecimento colectivo que alijara do mundo as misérias e os desenganos.[31]

Contempla-se um palco maravilhoso - o mundo transmontano. A paisagem, bem emoldurada de serranias e ambientes rurais, reflecte o pensamento e o estado espiritual dos homens e mulheres desta região.
A região duriense figura no romance Vindima e no conto “Vindima” como uma só identidade cultural. As crenças religiosas, festas, saberes e o suor do lavrador são o pano de fundo para a caracterizar.
A vindima, tarefa maior entre todas as do ciclo da vinha e do vinho, atinge um verdadeiro alcance de teatralização e é descrita em termos de ritual religioso.
O léxico do religioso está omnipotente, e sublinha a dureza da vida marcada pelo sofrimento contínuo, aliado ao trabalho do homem nesta região.

E os peregrinos acorriam de longe, chamados pelo aceno das vides. [32]
A mulher, a D. Maria Jorge, ao lado dos filhos, lia um livro devoto.[33]
Alheio a estas transcendentes congeminações, o rebanho ia tagarelando. (...)
(...) a D. Maria Jorge mergulhou os olhos escandalizados no livro santo.[34]

O Cristo macerado da doutrina, eternamente agónico na cruz de uma redenção a que a morte nem sequer dava início, porque o juízo final continuava adiado, parecia-lhe apenas o símbolo dramático do incorrigível optimismo humano. A esperança a nascer da própria renúncia divina...[35]
Alberto olhou-a como um Cristo no pretório.[36]
– De maneira que está a ver! Empresas que parecem muito sólidas, e sabe Deus... Situações aflitivas.
Fino observador, o dr. Bruno procurava descobrir a realidade que correspondesse ao sudário.[37]

Por mais voltas que desse, era um condenado às penas de um purgatório (...)[38]

A essência da obra de Torga repousa num horizonte e num palco de terra genesíaca - Trás-os-Montes.
Não se pode nem se deve dissociar a realidade terrestre, animal, humana, histórica, social, geográfica, pois em Vindima tudo se desenvolve naturalmente, como de uma odisseia se tratasse.
O povo é caracterizado de uma forma global, submisso, violento, ignorante e sábio.
Os seus horizontes são os da sua terra, confinados à montanha:

- E para onde vai tanta água? - perguntava o Chico, espantado.
- Para o mar...
- E o que é o mar?
- O mar...
Infelizmente ninguém lhe sabia responder. Só o tio Adriano fora um dia ao Porto operar o estômago, e o mar não começava no Porto...[39]

O Douro é mencionado como um santuário, onde gentes peregrinam com sofrimento para obterem a graça da vida - o pão para o resto do ano que se aproxima.

Encostados aos moirões dos bardos e das ramadas, ou deitados pelo chão num descanso mais largo e mais franco, os trabalhadores ouviam o programa com os olhos desiludidos postos na sardinha e na broa. (...)
Estavam ainda na primeira estação de via sacra, no ponto em que as vergastadas doem dobrado.[40]
E agora, antes de se entregar inteiro a um repouso de morte, o corpo necessitava de conhecer em que sítio se iniciava a vida quando viesse a ressurreição.[41]

Os homens queixavam-se da sua condição miserável, mas o trabalho, no fim de contas, é o preço que o trabalhador tem de pagar para conseguir uns momentos de lazer e algum prazer na evasão da dança e da música. As cantigas e a animação estavam presentes, nas grandes quintas do Douro, durante o trabalho e nos momentos de repouso, acompanhados com instrumentos musicais, como, por exemplo, a gaita de beiços, o violão, a concertina, o bombo e os ferrinhos.
E a propósito da amarga vida que levavam, era frequente o povo cantar e dançar nas eiras e terreiros ou no meio da vinha:

Ó minha mão dos trabalhos,
Para quem trabalho eu?
Trabalhos matam meu corpo,
Não tenho nada de meu.

Sim, sim, Manuel Joaquim.
Pra que é que se faz assim?
Pra bater o pé no chão,
Pra tocar no bandolim.[42]

Sardinha tairrenta,
Pão de cevada,
Vinho vinagre,
Cava e enxada.

Vinho vinagre,
Pão bolorento.
Entra a enxada
De olho pra dentro.

Ao almoço, dão-me peras;
Ao jantar, peras me dão;
À merenda, pão com peras
E, à noite, peras com pão.

Adeus, ó Casa Amarela,
Casa de grandes alturas.
Potes grandes,
Poucas guerduras.[43]

O cancioneiro popular duriense está cheio de referências às situações de dureza e quase miséria a que os trabalhadores eram sujeitos. Da jorna pouco sobrava, depois de pago o transporte para a outra margem do Douro, indispensável para o regresso a casa.

Fui ao Douro às vindimas;
Não achei que vindimar.
Vindimaram-me as costelas
- Olha o que eu fui lá ganhar!

Fui ao Douro às vindimas:
Pagaram-me a trinta reis.
Vim pela feira do Peso
Empreguei-o em anéis.



Mas também se canta a alegria do trabalho partilhado que é, frequentemente, ocasião para a vivência do amor.

Não se me dá que vindimem
Videiras que eu vindimei.
Não se me dá que outros provem
as uvas que eu já provei.[44]

Ó videira, dá-me um cacho,
Um cacho de malvasia.
Em troca, darei-te um beijo,
Oh minha linda Maria.

Toca a cantar,
Toca a folgar
E sem parar,
Que isto é cedo ainda.
Junto à vindima,
A cortar os louros cachos,
Dão-se ternos abraços:
A vindima assim é linda.

Ó videira, dá-me um cacho.
Ó cacho, dá-me um respigo
Para dar ao meu amor
Que anda de neta comigo.

Ó videira, dá-me um cacho de moscatel
Para dar ao meu amor
Que se chama Manuel.[45]

A componente cultural de lazer está sempre associada por oposição ao trabalho, pois o dia-a-dia dos trabalhadores no contexto rural do espaço duriense, aviva imagens seculares ligadas aos instrumentos e aos trabalhos agrícolas. Os sentimentos de desespero, dor, raiva e alegria são também a imagem deste povo, que consegue, através do sonho, tomar fôlego para regenerar o seu cansaço. A necessidade de vencer as situações adversas do duro trabalho, desde a safra de cavar, sulfatar videiras à vindima, fazem com que os homens criem espaços de lazer artístico, por forma a sublimar o trabalho. É assim que o homem duriense, após intensa actividade agrícola consegue arranjar momentos de descontracção, ora tocando, dançando, jogando, ora compondo cantigas com rimas. É de salientar que todas as festas, romarias e outras actividades de lazer que acima se referiu, são consequência da existência do trabalho a que o homem está sujeito. Se por um lado o velho ditado “conforme se toca, assim se dança” está relacionado com o trabalho e o divertimento, como consequência do primeiro, o facto de se realizarem feiras, festas e romarias são também uma forma de, após meses de labuta, o povo agradecer religiosamente o pão que recebeu, durante o ano, mas também poder gastar o dinheiro em vestuário ou algo que lhe dê prazer.[46]
Vindima retrata como, através de passos de dança improvisados, homens, mulheres e crianças dançavam, cantando o duro trabalho, a miséria do dinheiro que recebiam e os incidentes amorosos que aconteciam com frequência, durante as vindimas:

À noite, no baile, a Preciosa embalara-se-lhe nos braços, tonta como uma cana de foguete. Lisonjeada pela preferência do rapaz, que a fora tirar no meio doutras que ela julgava mais bonitas, a cachopa, leve e airosa, deixou-se voar naquele redemoinho de entusiasmo.[47]

A interioridade a que se está votado em Trás-os-Montes e Douro dá uma visão dum sistema cultural em que os trabalhadores são os verdadeiros agentes do desenvolvimento da tradição. O aproveitamento e a animação dos tempos livres era criado e recriado pelos trabalhadores, homens da terra.

O harmónico repenicava-se todo em redor dela. Os ferrinhos a dizerem que sim, que sim. E o bombo, apesar da tristeza a que a pele de cabra o condenava, a fazer quanto podia para dar também um ar da sua graça.[48]

A gente do trabalho é caracterizada por Torga como gente de uma inteligência intuitiva, um pouco maliciosa, gente sem descanso, sem juventude, sem infância, mas de uma sabedoria que lhe provém da experiência. Trabalho e lazer convivem entre si, de outra forma não se poderia caracterizar a vindima nesta região.

E o do harmónico deu ao fole, num acorde, a doirar a covardia. Passada a última casa, começava a descida da serra. À medida que iam andando, a jogar a cabra-cega com as fragas, a aldeia, cada vez mais distante e cingida ao seu bioco de colmo, lembrava uma mãe abandonada. E alguém cantou:
Adeus, adeus, minha terra,
Berço da minha alegria,
Penaguião vem de pena,
Mariana de Maria.
As raparigas deixavam vir à tona os encantos soterrados, os rapazes davam largas à inspiração, e os velhos iam pouco a pouco perdendo também o ar encardido, num renovo de esperança. Cada palmo percorrido era uma ruga a menos, na alma e no corpo.
Todos os desassossegos e martírios do ano pertenciam agora a um remoto passado, esquecido e morto. A romaria às terras do vinho embebedava-os e rejuvenescia-os.[49]

O cenário predilecto - o Douro - é memória de serras, rios, árvores, ruralidade, de homens viris e mulheres femininas, crianças ingénuas que cantam a glória da vida e corajosamente trabalham lado a lado do sol, cumprindo a penitência da vida.
Torga assume, na primeira pessoa, esta ligação à terra, forte, quase ontológica:
«Cuido que as coisas mais válidas que escrevi, sabem à terra nativa que trago agarrada aos pés.»[50]
No entanto , a sua escrita transcende o espaço que lhe dá origem. Com efeito, a obra de Torga não é um espaço limitado ao microcosmos humano do artista, é antes um grande projecto criador, animado pela confiança indestrutível no homem, expressão de uma vida ao serviço do presente e do futuro.

Manuel Alegre adverte:
Não busquem em Torga a verdade revelada; ele sai, antes de entrar, de qualquer paraíso. Não busquem nele abstracções míticas de um nacionalismo serôdio e estreito; procurem antes este Portugal que somos a “choutar” numa praia do Ocidente. E lá vereis os valores permanentes e o “rosto inconfundível” de uma pátria.[51]

A dimensão telúrica da sua obra não a fecha em horizontes limitados ou regionalistas. Pelo contrário – nela é a vibração do humano que se faz sentir. Nela palpita o mais profundo da identidade portuguesa.

Escritor situado no concreto, ligado ao húmus natal, dir-se-á que pela via do casticismo atinge a universalidade? É dizer pouco, embora signifique muito. Torga não é apenas expressão duma paisagem ou duma “alma” colectiva. Afirma-se como personalidade única, de singular poder criador. A sua obra é ele e a Natureza, ele e Portugal, um Portugal que, em parte, o fez mas que, em parte, ele inventou, como Unamuno “gerou” a Espanha nas suas entranhas.[52]

Como sublinha António Quadros,
A arte de Miguel Torga é a arte de saber escolher os casos, as figuras, os cenários, os temas que, desenvolvendo-se com extraordinária naturalidade, melhor simbolizam um encontro cósmico e quase virginal entre os homens e a natureza, exprimindo a dramaticidade dos antagonismos que medram à sombra da tragédia montanhosa. É a contrapartida do mar épico. Reclusa entre montanhas que não levam à aventura ou à viagem, a vida resolve-se em adormecimento ou em tragédia.[53]

Esse encontro cósmico entre o homem e a natureza é, frequentemente, uma luta, ganha pela natureza.

O Doiro tem essa estranha mão transfiguradora. Passada a primeira semana, em que as caras se conservam humanas e domingueiras, a barba cresce, a roupa esfarrapa-se, encarde-se de surro e de mosto, e todos adquirem um ar feroz, de animais.[54]

A lama de cinco meses de inverno, que a primavera apenas endurecera, era agora uma camada de poeira fofa pelo caminho além, a escaldar. O sol, depois de empassar as uvas, queria empassar a terra. (...) E, mal o Doiro apareceu lá em baixo, ao fundo, como uma veia aberta a escoar-se morosamente do corpo ciclópico dos montes, atirou logo:

Foi no Pinhão…
Ia a vindimar um cacho,
Vindimei-te o coração.

Tinham findado de todo os horizontes largos do planalto, onde a alma corre de fraga em fraga, sempre à vista do céu. Encostas negras, em escada, cobertas de estevas ou reiçadas de zimbro, faziam tudo para entristecer quem lhes passava ao pé. À esquerda, um despenhadeiro de meter medo; à direita, uma penedia por ali acima, que só de vê-la faltava a respiração; ao longe, mortórios escalvados e desiludidos. Mas o grande rio doirado, que a luz da tarde transformara numa barra cintilante, chamava a si toda a atenção dos olhos, e a paisagem emergia do abismo engrandecida e transfigurada.[55]

Foi nesta paisagem de rochas, montanhas, rio, serra, vides, bardos, acordeões, festas, sonhos e trabalho que se formou a identidade cultural desta região, hoje considerada Património da Humanidade. Uma paisagem que Torga canta, incessantemente, também na poesia.

Doiro
Suor, rio, doçura.
( No princípio era o homem...)
De cachão em cachão,
O mosto vai correndo
No seu leito de pedra.
Correndo e reflectindo
A bifronte paisagem marginal.
Correndo como corre
Um doirado caudal
de sofrimento.
Correndo, sem saber
Se avança ou se recua.
Correndo, sem correr.
O desespero nunca desagua...[56]

Doiro
Corre, caudal sagrado,
Na dura gratidão dos homens e dos montes!
Vem de longe e vai longe a tua inquietação...
Corre, magoado,
De cachão em cachão,
A refractar olímpicos socalcos
De doçura
Quente.
E deixa na paisagem calcinada
A imagem desenhada
Dum verso de frescura
Penitente.[57]

Vindima
Mosto, descantes e um rumor de passos
Na terra recalcada dos vinhedos.
Um fermentar de forças e cansaços
Em altas confidências e segredos.

Laivos de sangue nos poentes baços.
Doçura quente em corações azedos.
E, sobretudo, pés, olhos e braços
alegres como peças de brinquedos.

Fim de parto ou de vida, ninguém sabe
A medida precisa que lhe cabe
No tempo, na alegria e na tristeza.

Rasgam-se os véus do sonho e da desgraça.
Ergue-se em cheio a taça
À própria confusão da natureza.[58]


Em jeito de síntese, citamos António Freire.

Torga é, a par de Camões, o maior cantor da gente portuguesa. Camões foi o épico que imortalizou as gestas dos Portugueses de antanho; M. Torga é o lírico que, em prosa máscula, poética, criativa, imagética e vernácula, aprofundou os meandros mais subtis e a riqueza mais exuberante da alma portuguesa. Camões lançou-se aos mares nunca dantes navegados e sondou as pegadas lusas nos solos tórridos das Áfricas e das Índias. M. Torga percorreu Portugal de lés a lés, perscrutou-lhe todos os seus rincões, sentiu o palpitar do coração da gente lusa e pintou com pinceladas indeléveis de colorido e de humanismo o labutar heróico das populações no seu interminável moirejar. Nem Garrett, nas Viagens da Minha Terra, nem Antero de Figueiredo, nas Jornadas em Portugal, lograram transmitir-nos uma imagem tão perfeita (...), tão grandiosa e tão palpitante da paisagem e da vida do nosso povo.[59]

[1] Cf., “Homenagem a Miguel Torga”, Colóquio Letras (1995). nº 135/136, Lisboa: Edição da Fundação Calouste Gulbenkian, p. 5-18.
[2] FREIRE, António (1990). Lendo Miguel Torga, Porto: Edições Salesianas, p.10.
[3] CHORÃO, João Bigotte ,“Como é Torga?”, Colóquio Letras,nº98 (Julho - Agosto,1987), p.20.
[4] MOURÃO-FERREIRA, David, “Homenagem a Miguel Torga/Saudação a M.Torga”, Colóquio Letras,nº98 (Julho-Agosto,1987), p.9.
[5] Dactiloscrito, acrescentado à mão, citado por ROCHA, Clara (2000). Miguel Torga Fotobiografia, Lisboa: Publicações D. Quixote, Lda, p. 98-100
[6] LINHARES FILHO, “O poético como humanização em Miguel Torga”, Colóquio de Letras,nº98 (Julho -Agosto,1987), p.13.
[7] ANDRESEN, Sophia M.B., “Homenagem a Miguel Torga”, Colóquio Letras,nº98. p.8.
[8] MACHADO, Álvaro M., “Miguel Torga ou a impureza da criação”, Colóquio Letras,nº43 (Maio,1978),
p.48.
[9] Cf., COSTA, A. L. Pinto da (1997), Alto Douro terra de vinho e de gente, Lisboa, Edições Cosmos, p.48.
[10] TORGA, Miguel, Vindima, Coimbra: 4ª Edição revista.
[11] Recorde-se que o coordenador do projecto de candidatura, do Douro a Património Mundial, Fernando Bianchi de Aguiar, considerou que o Alto Douro é “um exemplo de paisagem que ilustra diferentes etapas da história humana e representa uma paisagem cultural evolutiva e viva”. O que justifica o facto desta região ter vindo a integrar um grupo restrito de locais que detêm o epíteto de Paisagem Cultural, uma designação criada em 1992 pela UNESCO para as paisagens que combinam o trabalho humano com os valores culturais, constituindo assim um valor universal reconhecido.
[12] TORGA, Miguel, Vindima, ed. cit., p. 22.
[13] Idem, p. 29.
[14] Idem, p.242.
[15] Provérbio Beirão.
[16] TORGA, Miguel, Diário XII, ed. Publicações Dom Quixote, Lda., Porto, p.180
[17] TORGA, Miguel, Vindima, ed. cit., p.39.
[18] Evangelho Segundo São Mateus, 20, 1-5, Novo Testamento, Editorial Missões, 1995, p.41.
[19] TORGA, Miguel, Vindima, Coimbra: 4ª Edição Revista, p.7.
[20] Idem, p. 12
[21] Idem, p. 225 - 226.
[22] Idem, p. 242
[23] Idem, p. 8
[24] Idem, p. 30
[25] Idem, p. 34
[26] Idem, p. 7 - 8.
[27] Idem, p. 9.
[28] Idem, p.65.
[29] Idem, p. 31.
[30] Cf., COSTA, A. L. Pinto da (1997), Alto Douro terra de vinho e de gente, Lisboa, Edições Cosmos, p.243.
[31] TORGA, Miguel, “Vindima”, Contos, Porto, Publicações Dom Quixote Lda, p. 300.
[32] TORGA, Miguel, Vindima, Coimbra: 4ª Edição Revista, p. 13.
[33] Idem, p.23.
[34] Idem, p.25.
[35] Idem, p.78.
[36] Idem, p.83.
[37] Idem, p.88.
[38] Idem, p.29.
[39] Idem, p. 13.
[40] Idem, p. 18.
[41] Idem, p. 14.
[42] CABRAL, António (1983), Cancioneiro Popular Duriense, Centro Cultural de Vila Real, SCARL. p. 111.
[43] Idem, p. 43.
[44] CABRAL, António (1983), Cancioneiro Popular Duriense, Centro Cultural de vila , Centro Cultural de Vila Real, SCARL. p.68.
[45] Idem, p. 127.
[46] Cf. CABRAL, António (1983), Cancioneiro Popular Duriense, Centro Cultural de Vila Real, SCARL. p. 11-20
[47] TORGA, Miguel, Vindima, Coimbra: 4ª Edição Revista, p.116.
[48] TORGA, Miguel, Contos, Vindima, Porto, Publicações Dom Quixote Lda, p. 298.
[49] TORGA, Miguel, Vindima, Coimbra: 4ª Edição Revista, p.10-11
[50] TORGA, Miguel, Diário II, ed. Publicações Dom Quixote, Lda., Porto, Diário II, p.150
[51] ALEGRE, Manuel, desdobrável de apresentação de Obras Completas, de M. Torga. Revista do Círculo de Leitores, Julho e Agosto 2001.
[52] M. Torga, Obras Completas, Ed. Círculo de Leitores.
[53] QUADROS, António, (1996) Moderno renovador do conto português, Boletim Cultural, VIII série, nº3, Setembro. Fundação Calouste Gulbenkian.
[54] TORGA, Miguel, Vindima, ed. cit. p. 267.
[55] TORGA, Miguel, Contos, A vindima, Porto, Publicações Dom Quixote Lda, p. 298 - 299.
[56] TORGA, Miguel, (1999) Antologia Poética, Publicações D.Quixote, Lda., Porto, p. 364.
[57] TORGA, Miguel, (1999) Antologia Poética, Publicações D.Quixote, Lda., Porto, p. 401.
[58] Idem, p. 73.
[59] António Freire (1990), Lendo Miguel Torga, Porto, p. 216.



in À Procura de Uma Identidade Cultural - o trabalho e o lazer no contexto rural do espaço duriense.

Cristina Correia

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

"Inkheart " - Coração de Tinta

Quando as personagens dos livros se tornam REAIS! Vem ver este filme bem divertido na tua biblioteca!

Inkheart (2009) movie trailer HD (with Brendan Fraser)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Definições de Animação

A animação é um novo tipo de intervenção social, que tende a favorecer e desenvolver a comunicação, a socialização e a criatividade, através dos meios e uma linguagem que estimula a fantasia e o prazer de participar. José Maria Quintana


ASC - um conjunto de técnicas sociais que, baseadas numa pedagogia participativa, têm como finalidade promover práticas voluntárias que com a participação activa das pessoas, se desenvolvam no seio de um grupo ou comunidade determinados e se manifestem nos diferentes âmbitos das actividades socioculturais que procuram o desenvolvimento da qualidade de vida; Ander-Egg


A animação representa, para nós, um meio de acumulação de forças sociais capazes de nos colocar, no momento decisivo da ruptura, do lado dos trabalhadores; Isto é, de contribuir para quebrar a dominação. Ela pode, igualmente, representar neste movimento de acumulação e dinamização social um lugar possível de educação libertadora para a autogestão social que permite preparar o terreno para a sociedade futura. Charpentreau

A animação sóciocultural é um sector da vida social em que os agentes propõem como objectivo uma certa transformação das atitudes e das relações inter individuais e colectivas, mediante uma acção directa sobre os indivíduos. Esta acção exerce-se em geral pela mediação de actividades diversas, com a ajuda de uma pedagogia que utiliza métodos não directivos ou activos. Documento de CEDAL (Espanha)

A animação sóciocultural implica uma política de cultura baseada numa vontade de democracia cultural. Supõe a aceitação desta perspectiva a todos os níveis e a vontade para aproximar, cada vez mais, os lugares onde se tomam as decisões às pessoas e aos grupos a cuja qualidade e significação de vida concernem. M. Simonot

A animação implica três processos conjuntos: um processo de criar as condições para que todo grupo ou todo indivíduo se revele a si mesmo; um processo de por em relação de grupos de pessoas entre si, ou com as obras e os criadores, ou com os centros de decisão, quer seja pela concertação, quer pelo conflito; um processo de criatividade, pela interrogação dos indivíduos e dos grupos com o seu entorno, expressão, iniciativa e responsabilidade. Fundação para o Desenvolvimento Cultural

A animação deve chegar a ser uma pedagogia de compreensão e de intervenção, que permita estabelecer relações de igualdade onde as relações hierárquicas dêem margem a mais liberdade e a uma maior autonomia; permitam uma selecção pessoal das actividades e das relações; dêem “vida” reconhecendo à existência de um sujeito autónomo que participa no desenvolvimento do mundo ao que pertence; e além disso, assegurem um saber fazer tendo em conta a diversidade de situações. H. Thery

São acções dirigidas pelas mesmas pessoas que actuam conjuntamente e que determinam por si mesmas o conteúdo desta acção em função de objectivos sociais e culturais… são actividades educativas fora do tempo de trabalho: vida familiar, vida urbana e rural, actividades de tempo livre, actividades desportivas, etc. A animação dá-se essencialmente nas associações voluntárias ou nas instituições semipúblicas. Neste quadro nasce o conceito de animação sócio-cultural, cuja semântica expressa a intenção de “descravar” a cultura para relacioná-la com os fenómenos da vida colectiva, ao mesmo tempo que amplia o campo da vida cultural aos problemas da vida quotidiana. Revista Pour

Estatuto do Animador Sociocultural

Estatuto do Animador Sociocultural
Preâmbulo

Animação sociocultural é o conjunto de práticas desenvolvidas a partir do conhecimento de uma determinada realidade, que visa estimular os indivíduos, para a sua participação com vista a tornarem-se agentes do seu próprio desenvolvimento e das comunidades em que se inserem. Animação sociocultural é um instrumento decisivo para um desenvolvimento multidisciplinar integrado (social, económico, cultural, educacional, etc.) dos indivíduos e dos grupos. Animador sociocultural é todo aquele que, sendo possuidor de uma formação adequada, é capaz de elaborar e/ou executar um plano de intervenção, numa comunidade, instituição ou organismo, utilizando técnicas culturais, sociais, educativas, desportivas, recreativas e lúdicas.

Capítulo I
Princípios Gerais

Artigo 1º
Âmbito de aplicação

1 – O Estatuto do Animador Sociocultural (ASC) aplica-se a quem exerça funções no âmbito da animação sociocultural, independentemente do sector de intervenção.
2 – Para efeitos de aplicação do presente Estatuto, considera-se ASC profissional aquele que é portador de qualificação profissional específica ou tendo qualificação profissional equiparada trabalha de uma forma continuada ao serviço de instituições públicas ou privadas, sendo reconhecido como tal pela entidade ou organismo empregador.
3 – Considera-se ASC voluntário aquele que desempenha funções de animação com pessoas e/ou comunidades, sem auferir remunerações.
4 – O disposto neste Estatuto é aplicável aos ASC profissionais e voluntários com as devidas adaptações.

Capítulo II
Direitos e Deveres

Artigo 2º Direitos

1 – São garantidos aos ASC os direitos estabelecidos para os trabalhadores em geral, bem como os direitos profissionais decorrentes do presente Estatuto.
2 – São direitos profissionais do ASC:
a) Direito de participação;
b) Direito à formação e informação para o exercício da sua função;
c) Direito ao apoio técnico, material e documental;
d) Direito à segurança na actividade profissional;
e) Direito à negociação colectiva.

Artigo 3º
Direito de participação

1 – O direito de participação exerce-se nos diferentes âmbitos da animação sociocultural.
2 – O direito de participação que, consoante os casos, é exercido individualmente, em grupo ou através de organizações profissionais ou sindicais, que venham a formar-se, compreende:
a) O direito de participar na definição da política de animação sociocultural à escala comunitária, nacional, regional e local;
b) O direito de intervir na orientação pedagógica dos projectos de animação sociocultural em que se encontre envolvido, bem como na escolha dos métodos, das tecnologias e técnicas de animação mais adequadas;
c) O direito de participar em experiências de animação sociocultural, bem como nos respectivos processos de avaliação;
d) O direito de eleger e ser eleito para organizações profissionais ou sindicais, que venham a formar-se.

Artigo 4º
Direito à formação e informação

1 – O direito à formação e informação para o exercício da sua função é garantido pelo acesso a acções de formação contínua regulares, destinadas a actualizar e aprofundar os conhecimentos e as competências profissionais e ainda à autoformação, podendo visar objectivos de reconversão profissional, bem como de mobilidade e progressão na carreira.

Artigo 5º
Direito ao apoio técnico, material e documental
1 – O direito ao apoio técnico, material e documental exerce-se sobre os recursos necessários à formação e informação do ASC, bem como ao exercício da animação sociocultural.

Artigo 6º
Direito à segurança na actividade profissional

1 – O direito à segurança na actividade profissional compreende a protecção por acidentes em serviço, nos termos da legislação aplicável, bem como a prevenção e tratamento de doenças que venham a ser definidas por portaria conjunta dos Ministérios da Saúde e da Qualificação e Emprego, como resultando necessária e directamente do exercício continuado da função de animador.
2 – O direito à segurança na actividade profissional compreende ainda, nos termos do disposto na artigo 385º do Código Penal, a penalização da prática de ofensa corporal ou outra violência sobre o ASC no exercício das suas funções ou por causa delas.
3 – Direito ao sigilo e confidencialidade.

Artigo 7º
Direito à negociação colectiva
1 – É reconhecido ao ASC o direito à negociação colectiva, nos termos legalmente previstos.

Artigo 8º
Deveres profissionais

1 – O ASC está obrigado ao cumprimento dos deveres estabelecidos para os trabalhadores em geral e dos deveres profissionais decorrentes do presente Estatuto.
2 – Decorrendo da natureza da função exercida, são deveres profissionais do animador:
a) Contribuir para a formação e realização integral dos indivíduos, promovendo o desenvolvimento das suas capacidades, estimulando a sua autonomia e criatividade, incentivando a formação de cidadãos civicamente responsáveis e democraticamente intervenientes na vida da comunidade;
b) Reconhecer e respeitar as diferenças socioculturais dos membros da comunidade, valorizando os diferentes saberes e culturas, combatendo processos de exclusão e discriminação, promovendo a interculturalidade;
c) Colaborar com todos os intervenientes da animação sociocultural, favorecendo a criação e o desenvolvimento de relações de respeito mútuo;
d) Participar na organização e assegurar a realização das actividades de animação sociocultural; e) Sigilo profissional, respeitando a natureza confidencial da informação relativa aos cidadãos;
f) Reflectir sobre o trabalho realizado individual e colectivamente;
g) Enriquecer e partilhar os recursos da animação sociocultural, bem como utilizar novos meios que lhe sejam propostos numa perspectiva de abertura à inovação e de reforço da qualidade da animação sociocultural;
h) Co-responsabilizar-se pela preservação e uso adequado das instalações e equipamentos que utilize;
i) Actualizar e aperfeiçoar os seus conhecimentos, capacidades e competências, numa perspectiva de desenvolvimento pessoal e profissional;
j) Cooperar com os restantes intervenientes na animação sociocultural com vista à implementação de projectos e animação;
k) Promover as relações internacionais e a aproximação entre povos.

Artigo 9º
Disposições finais

Do presente Estatuto são parte integrante os documentos “Categorias Profissionais e Conteúdos Funcionais” e “Enquadramento Legal e Correspondência aos Níveis de Formação da EU/CEDEFOP dos Cursos de Animadores Socioculturais”.

CATEGORIAS PROFISSIONAIS
e CONTEÚDOS FUNCIONAIS

1. CATEGORIAS PROFISSIONAIS
As categorias Profissionais dos trabalhadores de Animação Sociocultural desenvolvem-se da seguinte forma:
1.1 – Técnico Profissional de Animação Sociocultural – Carreira do grupo Técnico Profissional de acordo com o Anexo II (a que se refere o nº 1 do artigo 13º) do Dec.-Lei 412-A de 30/12/98
1.2 - Técnico de Animação Sociocultural – Carreira do grupo Técnico de acordo com o Anexo II (a que se refere o nº 1 do artigo 13º) do Dec.-Lei 412-A de 30/12/98
1.3 – Técnico Superior de Animação e Gestão Sociocultural – Carreira do grupo Técnico Superior de acordo com o Anexo II (a que se refere o nº 1 do artigo 13º) do Dec.-Lei 412-A de 30/12/98.

2. ACESSO ÀS CATEGORIAS PROFISSIONAIS
2.1 – O acesso à categoria de Técnico Profissional de Animação Sociocultural é feito: a) por indivíduos habilitados com Cursos de Formação adequados, nomeadamente os Cursos de Animação nas diversas vertentes promovidos pelos Estabelecimentos de Ensino Secundário e pelas Escolas Técnico-Profissionais. Habilitação equivalente ao 12º ano. b) Por indivíduos que se encontrem há mais de dois anos a desenvolver trabalho de Animação nas respectivas instituições mas que estejam integrados noutras categorias profissionais do grupo respectivo (Técnico-Profissional).
2.2 – O acesso à categoria de Técnico de Animação Sociocultural é feito:
a) Por indivíduos habilitados com o Curso Superior de Animação Sociocultural ou outros cursos Superiores de Animação no domínio da intervenção social, cultural e educativa. Estes deverão conferir o grau mínimo de bacharelato.
b) Por indivíduos que se encontrem há mais de três anos a desenvolver trabalho de Animação Sociocultural nas respectivas instituições mas que estejam integrados noutras categorias profissionais do grupo respectivo (Técnico).
2.3 – O acesso à categoria de Técnico Superior de Animação e Gestão Sociocultural é feito:
a) Por indivíduos habilitados com Curso Superior com grau de Licenciatura ou equivalente em Animação Sociocultural ou outros curso no domínio da intervenção social, cultural e educativa, considerados adequados à natureza específica da Animação Sociocultural.
b) Por indivíduos que se encontrem há mais de quatro anos a desenvolver trabalho de gestão e coordenação de programas e projectos de Animação Sociocultural nas respectivas instituições mas que estejam integrados noutras categorias profissionais do grupo respectivo (Técnico Superior).
Nota: As situações previstas nas alíneas b) (1 b; 2b, 3b) terão apenas aplicabilidade pelo período de um ano após a data de entrada em vigor do presente documento.

CONTEÚDOS FUNCIONAIS
Técnico Profissional de Animação Sociocultural O exercício da actividade de Técnico Profissional de Animação Sociocultural insere-se no quadro das competências atribuídas aos Organismos da Administração Central, Regional e Local ou outras Instituições públicas ou privadas e compreende um conjunto de funções, superiormente enquadradas, visando a intervenção junto de uma comunidade ou grupo tendo por instrumento técnicas de Animação Sociocultural e por objecto o desenvolvimento global e a integração pela via da actividade social e cultural dessa comunidade ou grupo.

O Técnico Profissional de Animação Sociocultural, deverá por isso Ter formação adequada que lhe deverá ser conferida pela formação académica apropriada e pelas diversas acções de formação contínua que deve possuir. Este técnico está capacitado para compreender e desenvolver actividades no domínio da Animação Sociocultural, podendo mesmo vir a conceber e concretizar pequenos projectos ainda que superiormente coordenados e integrados.
Técnico de Animação Sociocultural
O exercício da actividade de Técnico de Animação Sociocultural insere-se no quadro das competências atribuídas aos Organismos da Administração Central, Regional e Local ou outras instituições públicas ou privadas e compreende um conjunto de funções podendo estas ser superiormente enquadradas ou da responsabilidade directa do Técnico de Animação Sociocultural, visando a intervenção numa comunidade ou grupo através do desenvolvimento de programas e projectos de Animação Sociocultural, recorrendo para isso a técnicas e instrumentos adequados. Pela sua formação o Técnico de Animação Sociocultural possui técnicas de observação e diagnóstico da realidade em que intervém por forma a definir mais adequadamente os programas e os projectos a desenvolver. Este técnico é capaz de coordenar programas e projectos de Animação, articulando o trabalho de forma activa e integrada com as diversas áreas de intervenção e os diferentes agentes.
Técnico Superior de Animação e Gestão Sociocultural O exercício da actividade de Técnico Superior de Animação e Gestão Sociocultural insere-se no quadro das competências atribuídas aos Organismos da Administração Central, Regional e Local ou outras Instituições públicas ou privadas e compreende um conjunto de funções na definição de Planos e Programas de intervenção no domínio Sociocultural. O Técnico Superior de Animação e Gestão Sociocultural domina as técnicas de análise da realidade definindo estratégias para a sua intervenção através dos recursos possíveis. Coordena equipas de Técnicos de Animação Sociocultural e/ou Técnico Profissionais de Animação Sociocultural ou outros. Projectos de gestão tais como núcleos museológicos, equipamentos culturais e desportivos (teatros, cinemas, piscinas, complexos desportivos, etc.) são da responsabilidade destes técnicos pois deverão possuir formação específica para o efeito.
Nota final: Este documento aplica-se apenas à Administração Central, Regional e Local.

O Perfil do Animador Sociocultural

1. Considerações Gerais sobre «O ANIMADOR e a ANIMAÇÃO »
1.1. Ser ANIMADOR Para se ser ANIMADOR, é necessário reunir um amplo conjunto de qualidades e condicionantes:
• QUALIDADES HUMANAS
• CONDICIONANTES HUMANAS… de carácter geral
• CONDICIONANTES HUMANAS… ao nível dos sentidos
• CONDICIONANTES …para a acção
• CONDICIONANTES … de carácter formativo
• PREPARAÇÃO: Teórica, Metodológica, Técnica, Politica e Ideológica I
• IMAGEM, POSTURA e vestuário prático sem Extravagancias

1.2 CONDICIONANTES HUMANAS… de carácter geral
• Ter capacidade de Infundir Vida
• Ter habilidade e aptidão para Motivar
• Estar preparado para tudo
• Saber analisar as situações
• Mente Aberta e Clara
• Imaginação
• Criatividade
INFUNDIR - (Do lat. infundère, «verter») (verbo transitivo) Deitar um líquido dentro de ou sobre (alguma coisa); verter; vazar; Pôr de infusão Figurado - inspirar; incutir; causar; provocar - Introduzir-se; Infiltrar-se

1.3 CONDICIONANTES HUMANAS… ao nível dos sentidos
Olho Alerta
Olho aberto
Olhar Crítico
Ouvido receptivo
Olfacto para Detectar as “situações”
Sorriso Comunicativo “Mística”

1.4 CONDICIONANTES … para a acção
Estar pronto e preparado para “por ombros” perante as dificuldades e meter “a mão na massa” sempre que tal se justifique.

1.5 CONDICIONANTES … de carácter formativo
• Preparação Teórica,
• Metodológica,
• Técnica e Politico-Ideologica
• Dispor de Ferramentas e Técnicas
• Utilização adequada de Instrumentos, Meios e Técnicas

2. A Prática Do Exercício Da Animação
2.1 CARACTERISTICAS DA PRATICA DO EXERCICIO DA ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL
A Animação Sociocultural apresenta uma forma de intervenção “jovem” e inovadora. É, por isso, importante iniciarmos uma reflexão sobre o Perfil do animador a partir “do que se faz” e dos elementos que têm caracterizado a sua forma de actuação. Muitos assumem a animação como um trabalho militante, em que se pretende conjugar a capacidade de:

• Trabalhar com as pessoas, com a necessária competência técnica e um ideal.
• É um desafio múltiplo e abrangente, acompanhado de uma grande liberdade de acção, em quanto ao que se faz em cada actividade em concreto;
• Normalmente é uma ocupação que implica uma opção ideológica/politica de índole progressista;
• No trabalho do animador, existe uma interligação de funções e tarefas muito diversas (Gestão, Animação, Ensino, Criação, Investigação, Relações e Relacionamentos, Acção e Interacção, etc.).
• O horário de trabalho e, frequentemente, fora do convencional.
• O tempo de trabalho é frequentemente acima do normal.
• O horário de quem trabalha com as pessoas, não está, nem pode estar, enquadrado por um horário rígido.
• Os animadores prolongam o seu horário para poderem estar com as pessoas, nos horários destas.
• O Animador trabalha essencialmente quando as pessoas já não se encontram a trabalhar e, por isso mesmo, deve tentar que estar disponível nesses horários.
• Os animadores têm, em geral, uma margem muito grande para a sua própria iniciativa e uma grande liberdade para organizar o seu trabalho;
• Trata-se de uma ocupação considerada bastante fatigante e esgotante, mas que é, simultaneamente, compensadora pela sua paixão militante e pela vocação implícita, a que se deve juntar uma boa dose de loucura”;
• O Animador é o agente fundamental para a concretização prática da ASC.
• Individuo profissionalmente qualificado para a realização de projectos de ASC, técnico da intervenção, figura impulsionadora e dinamizadora dos processos de ASC nas pessoas, nos grupos e no tecido social.
Ander-Egg, em 1988 define o técnico de ASC como: “Pessoa capaz de estimular a participação activa das pessoas e de insuflar um maior dinamismo sociocultural, tanto nos indivíduos como no colectivo”.
Este profissional tem características muito próprias. É clara e universalmente entendido como um agente de mudança, que realiza o seu trabalho baseando-se na relação pessoal com os destinatários, um individuo que trabalha promovendo a intervenção a sociocultural sobre o meio em que actua, um dinamizador do “seu mundo”.

O técnico de animação sociocultural é um especialista em relações humanas, em “ problemas humanos”.

O Animador, como profissional qualificado e inserido no seu grupo ou equipa, deve ser um especialista no que respeita ao funcionamento dos grupos bem como no campo da planificação da Animação.

Por último, achamos que não se nasce Animador, mas, há características que se têm ou não se têm!

2.2 CATEGORIAS DOS ANIMADORES SOCIOCULTURAIS: Um esboço de tipologias e Modalidades da Animação Sociocultural

A realidade da Animação Sociocultural é, de facto, muito variada, muito ampla e muito complexa. Dentro da sua enorme gama de actividades, mas limitando-nos á animação sociocultural, é possível esboçar um conjunto de tipologias tendo em conta as diferentes modalidades de actuação, níveis de formação e dedicação, âmbitos de intervenção, etc.

• Em função do estatuto do Animador Animador profissional, semi-profissional, voluntário
• Em função do âmbito de trabalho
• Diferenciamos animadores culturais, sociais, educativos. As três grandes áreas da animação.
• Em função da situação ou tarefa do Animador Animador profissional, semi-profissional, voluntário

Ander-Egg, estabelece diversos critérios para classificar a tipologia dos animadores, mais realista e baseada na prática da ASC. …
de acordo com a tarefa fundamental que realizam:

Animadores Generalistas -Aqueles que tem como função facilitar o acesso a conteúdos culturais, despertar o interesse pela participação em acções e eventos, promover actividades socioculturais.

Animadores Especializados – desenvolvem a sua acção sectorialmente, de acordo com a sua especialização e especificidade formativa – arte, teatro, musica, gerontologia, educação…

Àreas Artísticas: (arte) - teatro, dança, música, cinema, pintura, escultura, etc.
Àreas Intelectuais: Conferencias, mesas redondas, ateliers, etc.
Animadores Escolares – desenvolvem a sua actividade centrados na escola, com uma vertente de ligação á comunidade escolar e envolvente. Exercem (nalguns casos) o papel de mediadores sociais.

Animadores Sociais: Promoção do movimento associativo, realização de festas populares, promoção de reuniões, etc.,

Práticas/Manuais: Desenvolvimento de artesanato, ateliers, oficinas, etc.,

Lúdicas: Passeios, visitas de estuda, acampamentos, colónias de férias, Desportivas: Desportos individuais e colectivos, ginástica, jogos, etc.
… de acordo com o seu campo de acção:
Critérios de Idade Categoria Profissional
Contexto Social Contexto institucional
… de acordo com os âmbitos de animação
… de acordo com instituição a que pertence e ao grupo promotora
… de acordo com o modelo de referencia do animador
… de acordo com o estatuto

2.3 CAMPOS DE ACÇÃO E ÂMBITOS DA ANIMAÇÃO
Os Âmbitos da Animação Sociocultural delimitam naturalmente a sua operatividade. Nascem pelo facto de persistirem ainda muitas necessidades sociais não resolvidas;

Os diferentes Âmbitos da Animação Sociocultural exigem uma certa especialização no modelo de intervenção. “A Festa” é o espaço educativo da ASC para integração das diferenças

Síntese: TIPO DE INTERVENÇÃO

Prevenção de situações de carência e desigualdade socioeconomica
Reparação dos efeitos das situações anteriores
Promoção da Integração Social Público-alvo
Os grupos Comunidade (crianças, Adolescentes, Adultos, idosos)

Situações Problema: Exclusão social - Dependências - Marginalidade Desigualdade socioeconomica - Grupos de risco /vulneráveis - Analfabetismo Dificuldade de acesso às actividades de cultura e lazer

Que incidem sobe: Deficientes Crianças negligenciadas/maltratadas Toxicodependentes Alcoólicos Reclusos Delinquentes Acamados Sem-abrigo Desempregados Hospitalizados

INSTITUIÇÕES DE ENQUADRAMENTO
Natureza
Estatais : Autarquias – Câmaras e Juntas de Freguesia
Privadas: IPSS’s Misericórdias Cooperativas Associações ONG’s
Empresas: públicas e privadas

INSTITUIÇÕES DE ENQUADRAMENTO
ÂMBITO
1) Desenvolvimento local
2) Creches
3) Jardins de infância
4) Escolas (básico e sec.)
5) Lares
6) Centros de Dia e Convívio
7) Centros Lúdicos e Centros de recursos educativos
8) Centros e espaços multiusos
9) Centros Culturais
10) Bibliotecas
11) Hospitais
12) Centros de saúde
13) Clínicas
14) Termas
15) Centros Reg. Seg. Social
16) Instituto de Emprego e Formação Profissional
17) Estabelecimentos Prisionais
18) Institutos de reinserção social
19) Equipamentos relacionados com o património cultural

3. O ANIMADOR
3.1. APROXIMAÇÃO À FIGURA DO ANIMADOR SOCIOCULTURAL E AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PROFISSIONAL DE ANIMAÇÃO

AO ANIMADOR É PEDIDO

• Muita agilidade,
• “Jogo de cintura”,
• Empatia,
• Compreensão
MAS TAMBÉM QUE TENHA
• Ideias claras
• Objectivos realistas,

E QUE CONSIGA:
• Definir estratégias e metodologias coerentes
• Definir claramente um Plano,
• Ter uma estratégia de Acção.
O técnico de animação sociocultural é um especialista
em relações humanas, em “problemas humanos”
• É, muitas vezes, confidente e conselheiro
• É um técnico prático, democrático e assertivo
• Tenta por todos os meios ajudar os outros a sair do mundo do silêncio em que se encontram.
• O trabalho do animador é intervir na realidade, no contexto de vida das pessoas.
• É alguém que tem de actuar sempre e necessariamente a partir da selecção e decisão ideológicas da realidade, mas nunca como uma extensão partidária de uma determinada opção política e ou religiosa.
• É alguém que tem de actuar sempre de uma forma activa e dialogante para optar pelas pessoas e comunidades mais frágeis e desprotegidas.
• Animar nos indivíduos o desenvolvimento da atitude de auto-estima;
Potenciar neles e nas suas comunidades de origem, a participação e o compromisso relativo ao “querer poder”.

O Comportamento do Animador deve ter em conta que, ao abraçar esta profissão:
• Saber ouvir
• Espírito tolerante e democrático
• Capacidade de difundir vida
• “Mística” e vocação
• Capacidade de entrega
• Autoridade
• Convicção e confiança
• Tenacidade e resistência
• Dinamismo e habilidade
• Tolerância e compreensão
• Espírito organizativo
• Capacidade de sistematização do trabalho
• Conhecimentos técnicos
• Disponibilidade
• Convicção
• Abnegação
• Capaz de mandar sem dirigir
• Ser ponderado
• Não desesperar
• Não se iludir com facilidade
• Saber comunicar
• Habilidade para motivar
• Sentido de humor
• Equilíbrio psíquico/emocional
• Confiança nos outros
• Flexibilidade mental
• Abertura
• Tolerância

Síntese das CAPACIDADES atribuídas/exigidas ao ANIMADOR
Iniciativa
Cooperação
Decisão
Criatividade
Inovação
Trabalho em Equipa
Empatia
Comunicação
Espírito Crítico
Relacionamento Interpessoal
Flexibilidade
Sensibilidade
Responsabilidade
Empenhamento
Liderança


4. QUALIDADES DOS ANIMADORES SOCIOCULTURAIS

Qualquer pessoa pode ser animador?
Não é qualquer pessoa que pode ser animador, (por razões óbvias)

Não pode «animar» quem não está animado

Não pode «animar» quem é incapaz de infundir «animação»
Não pode «animar» quem não acredita que os outros podem «animar-se»
Não pode «animar» quem não é capaz de estabelecer relações interpessoais produtivas e gratificantes.


4.1 QUALIDADES PESSOAIS
As qualidades pessoais são mais importantes que as condições intelectuais?
Um dos princípios básicos da pedagogia da animação é o da proximidade vital. Significa e implica um contacto directo com as pessoas e a sua situação.

Para esta relação vital, são mais importantes as qualidades pessoais e humanas que os conhecimentos técnicos por si mesmos.
Nem sempre uma pessoa com conhecimentos e habilidades técnicas tem o sentido da solidariedade e do serviço aos outros. Por outro lado, uma pessoa com qualidades pessoais e humanas, está sempre fortemente motivada e interessada em adquirir conhecimentos e desenvolver capacidades técnicas para prestar um serviço cada vez melhor. Parece-nos importante assinalar as qualidades humanas mais importantes e necessárias para ser um animador sociocultural ao serviço das pessoas e das populações.

Estas qualidades não se referem apenas a aspectos psicológicos do animador (carácter e temperamento), mas também, e de uma forma especial, às suas atitudes existenciais ou seja, a maneira de se situar e de se comportar no que respeita aos valores que configuram um determinado estilo de vida.
Um animador sociocultural, deve desenvolver a sua personalidade o mais possível desenvolvendo as qualidades que o tornem cada vez mais “pessoa”).

Cada ser humano é um “ser em construção” permanente, ou seja, nunca atingimos a plenitude, nunca podemos afirmar: “estamos realizados”.



4.2 QUALIDADES HUMANAS
• Entusiasta,
• Disponível,
• Dinâmico,
• Optimista,
• Afável,
• Cordial,
• Integro,
• Educado e Respeitoso,
• Profissional,
• Sensível,
• Seguro de si mesmo,
• Preparado para mudanças de situação
• Disposição para ir onde for necessário



4.3 CAPACIDADE DE INFUNDIR VIDA

Um Animador tem que saber estar!
Deve estar de tal forma que a sua simples presença seja reconfortante para os outros, transmita calor e entusiasmo;
Deve acreditar e fazer crer na mudança e no que esta a fazer.
Um ser em plenitude, onde a verdade e o rigor andem lado a lado com a criatividade.
Criar é fazer e todos queremos criar coisas novas.
Fazer usando novas formas, percorrendo caminhos novos, encontrando novas soluções.
Se não amo a vida, não posso preocupar-me com os outros. Se não tenho razões para viver, não tenho motivos sérios e profundos para lutar. (Bergson)


4.4 Mística e Vocação de Serviço
Aqueles com quem se trabalha, não são clientes, mas sim pessoas e estas, enquanto tal, devem ser a preocupação central do animador. Cada pessoa tem necessidade de ser tratada e reconhecida como tal. Cada um de nós tem a obrigação de tratar cada indivíduo, não como uma coisa, um objecto ou um qualquer “n.º de processo”, mas como gente, que verdadeira e efectivamente é. O animador saberá reconhecer na sua pratica diária o destino próprio de cada indivíduo, cuja dignidade e valor transcende todas as considerações institucionais e politicas e todas as contingências históricas e sociais.

4.5 QUAL O SIGNIFICADO DO “SENTIDO DE SERVIR” DE UM ANIMADOR?
Ter Sentido de Serviço, significa ter:
SENSIBILIDADE, perante as necessidades humanas, quer na alegria, quer no sofrimento dos outros
DISPONIBILIDADE para com as pessoas
ENTREGA especial às tarefas e sobretudo às pessoas
ACOLHIMENTO cordial a todas e cada uma das pessoas
CONVICÇÃO E CONFIANÇA que as pessoas têm capacidade de sair da situação em que se encontram, transformando-se em protagonistas da sua própria promoção social e cultural.

Pode ter-se um grande sentido de serviço, ser-se generoso, mas assumir atitudes e comportamentos paternalistas – fazer para os outros e pelos outros. No fundo, o que o paternalismo revela, é uma falta de confiança nas pessoas com quem trabalhamos e nos relacionamos. É não acreditar-mos que as pessoas podem e tem capacidade para assumir a sua cota parte de responsabilidade em questões que dizem respeito ao seu próprio desenvolvimento. Quem não acredita nas pessoas e nas suas possibilidades de transformação e de crescimento, quem não tem essa fé e essa confiança, dificilmente poderá ser um animador comprometido e militante. Tal atitude não implica que não possa ser um profissional de animação, inclusivamente que seja um técnico competente, mas sem confiança no outro. Não podemos esquecer nunca que ás pessoas, não basta dar-lhes com o que viver, mas que há que as ajudar a encontrar, primeiro que tudo, porquê e para quê viver e mudar.

4.6 HABILIDADE PARA MOTIVAR
Esta condição é indispensável para quem pretende trabalhar com pessoas. Em boa medida, o êxito dos programas de animação dependem da motivação e do interesse dos envolvidos. O que nos é indiferente, não nos move á acção. Dificilmente pode animar quem não é capaz de motivar. O entusiasmo é o principal factor motivacional de que dispõe o animador sociocultural.

4.7 DOM DE “SABER ESTAR COM AS PESSOAS”
Esta qualidade manifesta-se na amabilidade e simpatia para com as outras pessoas.
Bom humor e capacidade para saber escutar, ter palavra fácil e convincente, facilidade de comunicação, capacidade de acolhimento, abertura e disponibilidade para os outros. Tudo isto se resume à habilidade de criar uma relação pessoal de confiança e compreensão e na capacidade para superar situações tensas e conflitivas.
Para isto é muito importante a tolerância, passar por cima dos defeitos, dos rótulos, dos estereótipos.
Também é importante a compreensão das deficiências, limitações, incapacidades ou defeitos dos outros, do mesmo modo que esperamos que compreendam os nossos.
Ganhar a confiança das pessoas, não implica nenhum tipo de acção demagógica quando se apoio na lealdade, claridade e sentido de serviço, uma vez que se trata simplesmente de estabelecer relações de simpatia e de confiança.
À que saber encontrar o lado positivo (o lado bom) de cada coisa, e dele tirar partido.

4.8 SENTIDO DE HUMOR
O humor é o ingrediente que torna mais agradável a relações interpessoais e um meio airoso de sair de situações tensas, embaraçosas e constrangedoras. Com o humor, teremos sempre presente a dimensão lúdica e fantasista do “ser pessoa”. «Precisamos de nos rir das coisas e de nós mesmos». Ou então, «Precisamos de aprender a rir das coisas e de nós próprios». Não é saudável, para o trabalho do animador, andar pelo mundo com um sentido de tragédia.

“O humor provoca a tomada de consciência (…), da condição trágica e irrisória do homem … pode deslindar (e elucidar) muito melhor do que o racionalismo formal ou a dialéctica automática, as contradições do espírito humano, a estupidez e o absurdo”. Eugene Ionesco

4.9 MATURIDADE EMOCIONAL
Um animador actua sempre sobre a realidade humana, onde a cooperação e o conflito se misturam permanentemente.
Frente a esta circunstância, a maturidade emocional (que é apenas um aspecto da maturidade pessoal), desempenha um papel fundamental. Ela expressa a capacidade de actuar equilibradamente, com espírito sereno e tranquilo, quando se está debaixo de diferentes tipos de pressão.
Não devemos exprimir grandes variações de ânimo. Nem euforia e triunfalismo nos bons momentos, nem depressão e pessimismo nos momentos maus. Não há que viver irritado, em constante preocupação, fatigado, em tensão constante. Há que actuar com energia e decisão, mas com toda a tranquilidade que possamos.

4.10 FORÇA E TENACIDADE PARA VENCER DIFICULDADES
Toda a tarefa de acção social e cultural vai encontrar, inevitavelmente, uma série de dificuldades e obstáculos. Desde a apatia á ingratidão e ao desprezo, ou simplesmente “são as “coisas” que não andam ao ritmo que desejamos, queremos e previmos”. Dai termos a necessidade de ser fortes, tenazes e perseverantes para não nos deixarmos enliçar nas dificuldades e ceder ante os obstáculos. Devemos ter impulso e coragem suficiente para levar a cabo a nossa tarefa e alcançar os objectivos que nos propusemos, pese todas as dificuldades e problemas que se vão colocando.

5. MISSÃO DO ANIMADOR SOCIOCULTURAL - ACTIVIDADES
O Animador e Profissional de Animação Sociocultural, tem por missão, promover o desenvolvimento sociocultural de grupos e comunidades, organizando, coordenando e/ou desenvolvendo actividades facilitadoras da animação (de carácter cultural, educativo, social, lúdico e recreativo).
Actividades
• Estuda, integrado em equipas multidisciplinares, o grupo alvo e o seu meio envolvente, diagnosticando e analisando situações de risco e áreas de intervenção sob as quais actuar
• Planeia e implementa em conjunto com a equipa técnica multidisciplinar, projectos de intervenção socio-comunitária.
• Planeia, organiza e promove/desenvolve actividades de carácter educativo, cultural, desportivo, social, lúdico, turístico e recreativo, em contexto institucional, na comunidade ou ao domicílio, tendo em conta o serviço em que está integrado e as necessidades do grupo e dos indivíduos, com vista a melhorar a sua qualidade de vida e a qualidade da sua inserção e interacção social.

• Promove a integração grupal e social;

• Incentiva, fomenta e estimula as iniciativas dos próprios indivíduos, para que estes organizem e decidam o seu projecto lúdico ou social ou cultural;
• Fomenta a interacção entre os vários actores sociais da comunidade;
• Acompanha as alterações que se verifiquem na vida dos membros da sua comunidade/grupo e que afectem o seu bem-estar e actua de forma a ultrapassar possíveis situações de isolamento, solidão e outras
• Informa a equipa técnica caso se verifique a ocorrência de alguma situação anómala e articula a sua intervenção com os actores institucionais nos quais o grupo ou o indivíduo se insere; • Elabora relatórios de actividades


6. O CONJUNTO DOS SABERES
6.1 O SABER “SABER” Conhecimentos profundos de técnicas de animação
Conhecimentos profundos sobre a sua comunidade/grupo
Conhecimentos sólidos de técnicas de socorrismo
Conhecimentos fundamentais de expressão corporal, dramática, musical e plástica
Conhecimentos fundamentais de educação física, desporto e equipamentos desportivos
Conhecimentos fundamentais sobre intervenção social
Conhecimentos fundamentais de artes e actividades recreativas
Conhecimentos fundamentais de política social
Conhecimentos fundamentais de normas de segurança, higiene e saúde no trabalho
Conhecimentos de qualidade
Conhecimentos básicos de gerontologia
Conhecimentos básicos de psicologia
Conhecimentos básicos de antropologia
Conhecimentos básicos de sociologia
Conhecimentos básicos de tecnologias da informação
Conhecimentos básicos de psicossociologia
Conhecimentos básicos de psicopatologia da adolescência e juventude


6.2 O SABER FAZER “TÉCNICO”
Ler e interpretar diagnósticos sociais da comunidade e relatórios psicológicos e sociais dos clientes/utilizadores, ou programas de animação identificando as principais áreas de intervenção
Observar, através de instrumentos vários, a comunidade, o grupo e o indivíduo de forma a realizar o seu diagnóstico social e identificar as suas carências, necessidades e potencialidades

Identificar e seleccionar as técnicas e práticas de animação tendo em conta o tipo de programas de animação, e as características dos clientes/utilizadores, dos grupos e das comunidades e os objectivos que pretende alcançar

Identificar os recursos necessários para a concretização de projectos de intervenção sociocomunitária e de animação

Observar e caracterizar a população alvo, bem como os fenómenos grupais, recolhendo informações necessárias, utilizando técnicas de observação, entrevistas e questionários

Identificar as necessidades e as motivações individuais e do grupo
Desenvolver actividades diversas, nomeadamente oficinas, visitas a museus e exposições, encontros desportivos, culturais e recreativos, encontros intergeracionais, actividades de expressão corporal, dramática, animação de rua, exercício físico e ligeiro, leitura de contos e poemas, visionamento de filmes e posterior discussão, debate de temas, trabalhos manuais com posterior exposição dos trabalhos realizados, culinária, passeios ao ar livre

Conceber os materiais necessários para o desenvolvimento das actividades facilitadoras da animação, nomeadamente criar e produzir fantoches, gigantones, esculturas, trabalhos em cerâmica, máscaras, adereços e pinturas

Envolver as famílias nas actividades desenvolvidas, fomentando a sua participação

Identificar as necessidades e as motivações individuais e do grupo
Desenvolver actividades diversas, nomeadamente oficinas, visitas a museus e exposições, encontros desportivos, culturais e recreativos, encontros intergeracionais, actividades de expressão corporal, dramática, animação de rua, exercício físico e ligeiro, leitura de contos e poemas, visionamento de filmes e posterior discussão, debate de temas, trabalhos manuais com posterior exposição dos trabalhos realizados, culinária, passeios ao ar livre

Conceber os materiais necessários para o desenvolvimento das actividades facilitadoras da animação, nomeadamente criar e produzir fantoches, gigantones, esculturas, trabalhos em cerâmica, máscaras, adereços e pinturas
Envolver as famílias nas actividades desenvolvidas, fomentando a sua participação

Incentivar os membros do seu Grupo/comunidade a organizarem a sua vida no seu meio envolvente e a integrarem-se na sociedade, participando activamente, construindo o seu projecto de vida e demonstrando através da realização de diversas actividades quais as capacidades e as competências de cada um.
Sensibilizar e envolver a comunidade no acompanhamento deste tipo de grupos, de forma a fomentar a sua integração

Despistar situações de risco, encaminhando-as para as equipas técnicas especializadas
Entre outras…

6.3 O SABER “FAZER” “SOCIAIS E RELACIONAIS”
O Animador é, um técnico qualificado que, na sua formação teórica aprendeu um conjunto de saberes, sociais e reaccionais que lhe permitem agir correctamente no desempenho das suas funções:
Facilitar a comunicação
Garantir que a informação está acessível e ao alcance de todos, em igualdade de circunstancias e a informação
Gerir e mediar possíveis conflitos
Trabalhar em equipas multidisciplinares
Adaptar-se às diferenças individuais, situacionais e socioculturais e a ambientes diversos
Comunicar de forma clara, precisa, persuasiva e assertiva


REFERENCIAL DAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS
O Conjunto dos Saberes Os Saberes “Fazer” “Sociais e Relacionais"
QUADRO SINTESE NÍVEL DO SABER
(quadros de referencia teóricos dos processos sociais e culturais)
Descreve
Conhece
Identifica
Caracteriza
Relaciona
Distingue
Analisa
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