segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Pelo sonho é que vamos (Sebastião da Gama)

Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos.

Sebastião da Gama

Natal dos simples (Zeca Afonso)

Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura

Zeca Afonso

in http://joaopaulopedrosa.blogspot.com/

Feliz Ano Novo

O Colégio da Imaculada Conceição deseja um Feliz Ano Novo a toda a sua comunidade educativa.

Douro Hoje



in http://www.dourohoje.com/

Novo dicionário do Pai Natal

dicionário. 1. Compilação, feita por ordem alfabética, de todas as palavras de uma língua, com a respectiva definição ou a sua equivalência noutra ou noutras línguas. ...
Lexicoteca, Moderna Enciclopédia Universal, tomo VI,Círculo de Leitores, 1984
dicionário do b. Lat. dictionariu < Lat. dictione, locuçãos. m., conjunto dos vocábulos de uma língua ou dos termos próprios de uma ciência ou arte, dispostos por ordem alfabética e com a respectiva significação ou a sua versão noutra língua.
Saber utilizar um dicionário é fundamental. Desde os clássicos em papel, mais ou menos volumosos, aos mais recentes on-line, os dicionários evoluíram e adaptaram-se aos tempos modernos.
Também o velhinho Pai Natal teve de se render e recorrer aos novos recursos tecnológicos que tanto facilitam as tarefas do dia-a-dia. Luísa Ducla Soares revela-nos alguns segredos do mais famoso velhinho de barbas organizados por ordem alfabética à maneira de um dicionário. Este livro tão divertido, mas que também faz pensar, serviu de ponto de partida para conhecer e/ou explorar os indispensáveis dicionários.

Sobretudo as aves são a paisagem de um texto calado.

o mundo cá dentro e o silêncio lá fora
horas que tardam na sangria do tempo que mordo em SILÊNCIO

in http://horatardia.blogspot.com/

É tempo de Natal...

Dizem os poetas
Que o Natal não é só em Dezembro
Que o Natal é em qualquer tempo
Sempre que o homem quiser
Então eu quero
Que o Natal seja hoje já
Sem perda de um momento
Que o Natal seja todos os dias
Que não haja mãos vazias
Nem coração em tormento
Que o amor, a paz e a harmonia
Imperem no nosso tempo

Feliz Natal
Madrugália

in http://madrugalia.blogspot.com/

Fim de Ano

Noite fria
noite quente
invernia
calor de gente
que sente
no coração
o passado
de omissão
o passado
de realização
mas que continua
a alimentar
no presente
o sonho
a fantasia da lua
e do seu brilhar
risonho
querer de gente
força imanente
construtora do futuro
sempre duro
que se quer alcançar
apesar da tormenta
de cor pardacenta
no rio da vida
gente atrevida
que ousa apostar
na poesia
na magia
força da vida
vida a renovar.
JRocha

ANO NOVO ?

Vem aí um ano novo.
Carregado de problemas velhos.
Vermelhos, alguns. Da cor do sangue.

in http://aluaflutua.blogspot.com/

(o céu é um palácio que olha para baixo)_______Herberto Helder

...e só por uma alucinação injusta do sangue .por um pedaço de terra antiga.
pelo medo ou pelo vício a selva e a morte que revela toda a des.razão.
pelo vocabulário gasto do fogo e das vontades que não são.
pela massa errática de um silvo malévolo que nos designa indiferentes.
como silêncio suicidário nos deixamos à beira da indiferença.
pelas faixas de gaza do nosso esquecimento.

. e com as mãos. ferventes. com os dedos. balas de baba sangrenta. com as ervas ásperas e
secas.
escreve-se os dias na desordem espectral do discurso político que perde voz e espaço
aberto. praça de corações em saldo. altar de poderes banais. escreve-se a sangue a rima
cava do personagem atípico.
_____________________e lá vamos des.cantando e des.rindo sobre um chão de falsas aparições.
escrever a mão bastarda que nos afaga de promessas baldias.
ser um dia a glória.
ser outro dia o interior esmagado.
como se tudo fosse margem ou triunfo dos símbolos. apenas.
.
astutos os palpitantes gestos. os factos. a expansiva traição.
escrever a ameaça. de um voo fulgurante. levantados os lençois da morte branda celebra-se
a ironia da inépcia.
. e pouco nos salva. nem a escrita.
________________________
E JÁ NÃO TENHO PACIÊNCIA PARA TANTO CINISMO! PERDI A PÉROLA QUE ME ERA A ESSÊNCIA
DAS PRECES!

solto-me por um pedaço de fulgor que seja.

in http://mendesferreira.blogspot.com/

... como se a vida não fosse uma plataforma de pessoas felizes com lágrimas dentro.

ouço teclas a tocar notas de vento. teclas soltas que
gemem ausências. o meu olhar ínvio sobre a copa das
árvores mais altas simula distracções diagonais.
como se ser pássaro não bastasse para aprender o
caminho do céu. como se as asas fossem pesadas e
claudicassem por cima das nuvens. como se as nuvens
não fossem da mesma água que humedece os olhos.
como se os dedos não soubessem tactear a noite de
olhos fechados. como se o pensamento não fosse uma
carícia crescente na memória de um desejo distante.
como se a lucidez não fosse o caos de uma emoção que
se segura a tempo de não explodir. como se a vida não
fosse uma plataforma de pessoas felizes com lágrimas
dentro.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Dia... de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

DIA DE NATAL
Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros. coitadinhos. nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal.
[...]
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
[...]
Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra. louvado seja o Senhor!. o que nunca tinha pensado comprado. [...]
António Gedeão, poeta, cientista, professor [1906-1997]

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

domingo, 14 de dezembro de 2008

...as livrarias, ao contrário dos homens morrem mas podem ressuscitar...

«as livrarias, ao contrário dos homens morrem mas podem ressuscitar»

Livraria Fernando Machado - Clérigos - Porto

sábado, 13 de dezembro de 2008

Durmo ou não? ...

Durmo ou não? Passam juntas em minha alma
Coisas da alma e da vida em confusão,
Nesta mistura atribulada e calma
Em que não sei se durmo ou não.
Sou dois seres e duas consciências
Como dois homens indo braço-dado.
Sonolento revolvo omnisciências,
Turbulentamente estagnado.
Mas, lento, vago, emerjo de meu dois.
Disperto. Enfim: sou um, na realidade.
Espreguiço-me. Estou bem... Porquê depois,
De quê, esta vaga saudade?

Fernando Pessoa

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Livros em viagem...


A Escrava de Córdova
Alberto S. Santos
A estranha descoberta de uma lucerna árabe em Penafiel levou o Presidente da Câmara Local, Alberto Santos, a tentar responder, pela via do romance, à pergunta que os arqueólogos colocam há décadas: até onde chegou a civilização do Al Andaluz?
Alberto Santos, Presidente da Câmara de Penafiel, lançou no Palácio da Bolsa do Porto o livro "A Escrava de Córdoba", a sua primeira incursão no universo do romance, no qual explora a presença árabe na Península Ibérica de cerca de 500 anos. "Há dois anos li um opúsculo sobre o aparecimento de uma lucerna árabe, utilizada para iluminação, na zona onde Penafiel se insere. Os historiadores, nomeadamente Mário Jorge Barroca, não conseguiram explicar essa estranha descoberta. Senti então o impulso de investigar esse período e criar uma história que a 'explicasse'", disse o autarca à Lusa. Com o passar do tempo, conforme as personagens foram ganhando vida, a lucerna foi acabando por ser remetida para um lugar secundário e dar espaço aos nomes que verdadeiramente contam a história escrita por Alberto Santos: O caudilho Almançor, figura mítica da conquista muçulmana, São Rosendo, que tanto trabalhou para o renascimento do cristianismo ameaçado e os condes portucalenses, herdeiros de Mumadona e antepassados de D. Teresa, com quem o borgonhês D. Henrique casou para gerar o primeiro rei de Portugal. "Paralelamente a personagens reais da época, como estas, o livro, que decorre em toda a Península Ibérica e no Magrebe, conta a história de outras inventadas por mim mas procurando descrever o que era a mentalidade naqueles tempos conturbados da passagem do primeiro para o segundo milénio, entre 976 e 1002", disse Alberto Santos.. "As três principais comunidades religiosas conviviam tranquilamente, apesar de alguma maior tensão em alguns califados do que noutros", descreveu Alberto Santos. O autarca-escritor repesca no livro todo este universo cultural, religioso e social que, na sua opinião, "explica algo que muitos não perceberam quando a questão de repente surgiu: porque é que a Al Qaeda afirmou que viria à Península Ibérica reivindicar o regresso do Al Andaluz". "Muita gente se questionou: Como é que num país tão pacífico como Portugal, com fronteiras estáveis há oito séculos, ouve-se de repente falar duns fulanos no Afeganistão que querem meter-se connosco. O livro explica como é que isto está a acontecer. A Al Qaeda quer recuperar aquele que já foi o zénite da civilização muçulmana", afirmou Alberto Santos. Questionado sobre o que leva um presidente de câmara a escrever literatura à margem dos despachos e dos projectos urbanísticos, Alberto Santos recordou que "todos têm uma ambição, uma emergência de fazer algo diferente do seu dia-a-dia. Uns dedicam-se ao desporto, outros às viagens, eu decidi escrever". Nos primeiros tempos de escrita, Alberto Santos sentiu que punha em cada linha "os defeitos de anos de advocacia" e do seu estilo específico, "onde se tenta ir directo ao assunto sem grandes subtilezas".
Com o passar do tempo, e com as opiniões de alguns amigos a quem mostrava excertos do que ia escrevendo, o autarca foi apurando o estilo, "sempre com a preocupação de que o que ia escrevendo estivesse validado historicamente". "A Escrava de Córdoba" é o primeiro livro de Alberto Santos mas certamente não será o último do autarca de Penafiel, que prepara já os primeiros trabalhos de investigação para um segundo romance que terá como cenário de fundo a presença portuguesa no Norte de África no século XVI. A obra foi apresentada pelo autor do prefácio, o jornalista José Rodrigues dos Santos, e por António Lobo Xavier.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Silencioso diálogo...


É tempo de espera
ou
apenas
estranho tempo em mim se esgota,
o linho, os frutos, a memória.
Encontro pinturas animistas
a povoar o cântico das palavras.
Os meus passos peregrinos caminham
com amor
até à eternidade.

in Cerne e o Verso, Cristina Correia.

Abraço de Paz para todos Vós.

Livros com Ideias dentro...


"A luta pelo meu pão pode ser materialismo; mas a luta pelo pão dos outros já é espiritualismo"

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

"A minha visão daquele Natal" de Arménio Vasconcelos

Fundador e Director da Casa-Museu Maria da Fontinha – Castro Daire - Viseu

A minha visão daquele Natal

A chuva caía incessante.
Na quietude da casa casada com a Natureza, olhava pela vidraça a paisagem verde baça do arvoredo e o plúmbeo ar que escondia os céus, ouvindo os balanços sem retorno das águas que vinham dos montes e se agigantavam com as que caíam em bátegas estrondosas e traziam consigo os enormes grãos de saraiva.
Era Inverno em Portugal, nas margens do Lis que deixara de sorrir e, submisso, se deixara vencer pelas forças dos elementos.
Não se vislumbrava qualquer flor em toda a tela que só findava no horizonte e as montanhas encontravam-se cinzentas e encobertas pelas névoas que Éolo impelia na direcção do Oriente.
Dia triste, mas com vida, aquele dia…
Os meus olhos enfrentavam sobre a lareira onde as achas ardiam e no seu crepitar soltavam reluzentes chispas, mostrando-me as cores da alma e do Hades, um presépio: simples, calmo, luminoso, da cor da palha seca que amparava aquela Luz que se reflectia no alto sob a forma de estrela.
Tudo se conjugava, neste cenário, como um só elemento, um só corpo, sereno e perfeito, na paz e no calor soprado pelos animais que junto d’Ele ruminavam, dispensando agasalho a cobrir aquele corpo que sorria: o do Menino-Deus que tanto iria padecer.
E em ambas as direcções, antagónicas, de diferentes luz e paz, continuava eu, absorto, a dirigir o olhar para tudo compreender.
Então, conversei com Ele e roguei-Lhe que mantendo-se a unidade e a sublimidade do presépio, a Natureza se acalmasse, o regato voltasse a ser cristalino e os montes mostrassem de novo a sua identidade.
Sorrindo-me sempre, o Menino levantou ligeiramente a palma da sua mão que reflectia a luz da estrela situada no cimo do Seu presépio.
Nada senti por momentos, nem onde estava nem o que via, até que debaixo das pétalas que voavam sobre todo aquele cenário, os meus olhos passaram a ver e a sentir a Natureza acalmada, a luz do Sol a cobrir os vales e as serras e, junto ao regato agora prateado e vestido de águas límpidas e de pedras lavadas, uma singela flor branca de corola ridente apontando na direcção da Luz e lançando-Lhe a sua fragrância inebriante e doce, mágica e sublime.

É preciso conversarmos com o Menino-Deus. Crermos. Deixarmo-nos entrar no mundo encantado do irreal e na Sua companhia nos encontrarmos com a realidade que afinal é sempre calma, luminosa e musical.

Tudo isto me aconteceu naquele Natal.





É este o meu presépio

Natureza inclemente
Cinzenta e estrondosa
Naquele momento
A Poente do lugar
Donde emanava a Luz formosa

Diferentes cenários e sentidos
Nas linhas do meu olhar
São vales, montes, prados, rios e mar
E aqui os animais, deitados, reunidos.

Aquecendo as palhas e o corpo débil
Daquele Menino-Deus que sorria feliz
Nos braços amorosos de Sua Mãe

Num amor Divino, rico e fértil
No instante em que raiava a luz
D’Aquele que tanto padeceria na Cruz.


É esta a minha mensagem, simples mas sentida, para todos aqueles de quem gosto.

NATAL de 2008
O Arménio Vasconcelos