segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

... como se a vida não fosse uma plataforma de pessoas felizes com lágrimas dentro.

ouço teclas a tocar notas de vento. teclas soltas que
gemem ausências. o meu olhar ínvio sobre a copa das
árvores mais altas simula distracções diagonais.
como se ser pássaro não bastasse para aprender o
caminho do céu. como se as asas fossem pesadas e
claudicassem por cima das nuvens. como se as nuvens
não fossem da mesma água que humedece os olhos.
como se os dedos não soubessem tactear a noite de
olhos fechados. como se o pensamento não fosse uma
carícia crescente na memória de um desejo distante.
como se a lucidez não fosse o caos de uma emoção que
se segura a tempo de não explodir. como se a vida não
fosse uma plataforma de pessoas felizes com lágrimas
dentro.