terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Livros em viagem...


A Escrava de Córdova
Alberto S. Santos
A estranha descoberta de uma lucerna árabe em Penafiel levou o Presidente da Câmara Local, Alberto Santos, a tentar responder, pela via do romance, à pergunta que os arqueólogos colocam há décadas: até onde chegou a civilização do Al Andaluz?
Alberto Santos, Presidente da Câmara de Penafiel, lançou no Palácio da Bolsa do Porto o livro "A Escrava de Córdoba", a sua primeira incursão no universo do romance, no qual explora a presença árabe na Península Ibérica de cerca de 500 anos. "Há dois anos li um opúsculo sobre o aparecimento de uma lucerna árabe, utilizada para iluminação, na zona onde Penafiel se insere. Os historiadores, nomeadamente Mário Jorge Barroca, não conseguiram explicar essa estranha descoberta. Senti então o impulso de investigar esse período e criar uma história que a 'explicasse'", disse o autarca à Lusa. Com o passar do tempo, conforme as personagens foram ganhando vida, a lucerna foi acabando por ser remetida para um lugar secundário e dar espaço aos nomes que verdadeiramente contam a história escrita por Alberto Santos: O caudilho Almançor, figura mítica da conquista muçulmana, São Rosendo, que tanto trabalhou para o renascimento do cristianismo ameaçado e os condes portucalenses, herdeiros de Mumadona e antepassados de D. Teresa, com quem o borgonhês D. Henrique casou para gerar o primeiro rei de Portugal. "Paralelamente a personagens reais da época, como estas, o livro, que decorre em toda a Península Ibérica e no Magrebe, conta a história de outras inventadas por mim mas procurando descrever o que era a mentalidade naqueles tempos conturbados da passagem do primeiro para o segundo milénio, entre 976 e 1002", disse Alberto Santos.. "As três principais comunidades religiosas conviviam tranquilamente, apesar de alguma maior tensão em alguns califados do que noutros", descreveu Alberto Santos. O autarca-escritor repesca no livro todo este universo cultural, religioso e social que, na sua opinião, "explica algo que muitos não perceberam quando a questão de repente surgiu: porque é que a Al Qaeda afirmou que viria à Península Ibérica reivindicar o regresso do Al Andaluz". "Muita gente se questionou: Como é que num país tão pacífico como Portugal, com fronteiras estáveis há oito séculos, ouve-se de repente falar duns fulanos no Afeganistão que querem meter-se connosco. O livro explica como é que isto está a acontecer. A Al Qaeda quer recuperar aquele que já foi o zénite da civilização muçulmana", afirmou Alberto Santos. Questionado sobre o que leva um presidente de câmara a escrever literatura à margem dos despachos e dos projectos urbanísticos, Alberto Santos recordou que "todos têm uma ambição, uma emergência de fazer algo diferente do seu dia-a-dia. Uns dedicam-se ao desporto, outros às viagens, eu decidi escrever". Nos primeiros tempos de escrita, Alberto Santos sentiu que punha em cada linha "os defeitos de anos de advocacia" e do seu estilo específico, "onde se tenta ir directo ao assunto sem grandes subtilezas".
Com o passar do tempo, e com as opiniões de alguns amigos a quem mostrava excertos do que ia escrevendo, o autarca foi apurando o estilo, "sempre com a preocupação de que o que ia escrevendo estivesse validado historicamente". "A Escrava de Córdoba" é o primeiro livro de Alberto Santos mas certamente não será o último do autarca de Penafiel, que prepara já os primeiros trabalhos de investigação para um segundo romance que terá como cenário de fundo a presença portuguesa no Norte de África no século XVI. A obra foi apresentada pelo autor do prefácio, o jornalista José Rodrigues dos Santos, e por António Lobo Xavier.