domingo, 2 de dezembro de 2012

Carta aos amigos



Carta aos amigos: Fico dias, sem pressa. Demoro-me nos monólogos da memória revisitada, férteis de inteireza humana. Registo as vossas palavras, as frases, as vossas emoções. Perdura sempre a saudade do olhar, dos gestos e dos vocábulos que posso revisitar: os sentimentos, os valores, o olhar profundo e os rostos amigos. Sobra-me a lembrança da amizade que prevalece no húmus do meu sentimento, resistindo à distância e à privação das palavras fraternas, diálogos, desabafos e cumplicidades. Entre velhos manuscritos caligrafados em folhas de papel, vou enxergando os vultos das letras e os desenhos assimétricos da minha vida. As folhas já soltas, envolvidas por um xaile, no interior da arca, vêm reconstituir um lugar no tempo da minha íntima emoção. Recordo-os: um lugar de vós, um lugar do "Ser", um lugar de mim, um lugar dos anjos, um lugar dos registos da memória. Ali, naquele lugar, as vozes vêm ao meu encontro. Revivo todos e cada um dos "humanos", cada um dos amigos. Já o céu está povoado de silêncios, quando me recolho e reinvento os verbos adormecidos e outras vozes. Vozes do tempo, vozes de pedra, vozes de estrelas, guardiãs da nossa própria consciência. E para si amigo, que a saúde lhe permita realizar os seus propósitos e que o afecto, a generosidade, o profissionalismo, a energia, a vontade, o projecto, o sonho e a poesia continue a brotar nos seus gestos de humanidade. Um abraço amigo, sempre Cristina Correia.

Marado & Friends SCRBragança2012