terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O Perfil do Animador Sociocultural

1. Considerações Gerais sobre «O ANIMADOR e a ANIMAÇÃO »
1.1. Ser ANIMADOR Para se ser ANIMADOR, é necessário reunir um amplo conjunto de qualidades e condicionantes:
• QUALIDADES HUMANAS
• CONDICIONANTES HUMANAS… de carácter geral
• CONDICIONANTES HUMANAS… ao nível dos sentidos
• CONDICIONANTES …para a acção
• CONDICIONANTES … de carácter formativo
• PREPARAÇÃO: Teórica, Metodológica, Técnica, Politica e Ideológica I
• IMAGEM, POSTURA e vestuário prático sem Extravagancias

1.2 CONDICIONANTES HUMANAS… de carácter geral
• Ter capacidade de Infundir Vida
• Ter habilidade e aptidão para Motivar
• Estar preparado para tudo
• Saber analisar as situações
• Mente Aberta e Clara
• Imaginação
• Criatividade
INFUNDIR - (Do lat. infundère, «verter») (verbo transitivo) Deitar um líquido dentro de ou sobre (alguma coisa); verter; vazar; Pôr de infusão Figurado - inspirar; incutir; causar; provocar - Introduzir-se; Infiltrar-se

1.3 CONDICIONANTES HUMANAS… ao nível dos sentidos
Olho Alerta
Olho aberto
Olhar Crítico
Ouvido receptivo
Olfacto para Detectar as “situações”
Sorriso Comunicativo “Mística”

1.4 CONDICIONANTES … para a acção
Estar pronto e preparado para “por ombros” perante as dificuldades e meter “a mão na massa” sempre que tal se justifique.

1.5 CONDICIONANTES … de carácter formativo
• Preparação Teórica,
• Metodológica,
• Técnica e Politico-Ideologica
• Dispor de Ferramentas e Técnicas
• Utilização adequada de Instrumentos, Meios e Técnicas

2. A Prática Do Exercício Da Animação
2.1 CARACTERISTICAS DA PRATICA DO EXERCICIO DA ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL
A Animação Sociocultural apresenta uma forma de intervenção “jovem” e inovadora. É, por isso, importante iniciarmos uma reflexão sobre o Perfil do animador a partir “do que se faz” e dos elementos que têm caracterizado a sua forma de actuação. Muitos assumem a animação como um trabalho militante, em que se pretende conjugar a capacidade de:

• Trabalhar com as pessoas, com a necessária competência técnica e um ideal.
• É um desafio múltiplo e abrangente, acompanhado de uma grande liberdade de acção, em quanto ao que se faz em cada actividade em concreto;
• Normalmente é uma ocupação que implica uma opção ideológica/politica de índole progressista;
• No trabalho do animador, existe uma interligação de funções e tarefas muito diversas (Gestão, Animação, Ensino, Criação, Investigação, Relações e Relacionamentos, Acção e Interacção, etc.).
• O horário de trabalho e, frequentemente, fora do convencional.
• O tempo de trabalho é frequentemente acima do normal.
• O horário de quem trabalha com as pessoas, não está, nem pode estar, enquadrado por um horário rígido.
• Os animadores prolongam o seu horário para poderem estar com as pessoas, nos horários destas.
• O Animador trabalha essencialmente quando as pessoas já não se encontram a trabalhar e, por isso mesmo, deve tentar que estar disponível nesses horários.
• Os animadores têm, em geral, uma margem muito grande para a sua própria iniciativa e uma grande liberdade para organizar o seu trabalho;
• Trata-se de uma ocupação considerada bastante fatigante e esgotante, mas que é, simultaneamente, compensadora pela sua paixão militante e pela vocação implícita, a que se deve juntar uma boa dose de loucura”;
• O Animador é o agente fundamental para a concretização prática da ASC.
• Individuo profissionalmente qualificado para a realização de projectos de ASC, técnico da intervenção, figura impulsionadora e dinamizadora dos processos de ASC nas pessoas, nos grupos e no tecido social.
Ander-Egg, em 1988 define o técnico de ASC como: “Pessoa capaz de estimular a participação activa das pessoas e de insuflar um maior dinamismo sociocultural, tanto nos indivíduos como no colectivo”.
Este profissional tem características muito próprias. É clara e universalmente entendido como um agente de mudança, que realiza o seu trabalho baseando-se na relação pessoal com os destinatários, um individuo que trabalha promovendo a intervenção a sociocultural sobre o meio em que actua, um dinamizador do “seu mundo”.

O técnico de animação sociocultural é um especialista em relações humanas, em “ problemas humanos”.

O Animador, como profissional qualificado e inserido no seu grupo ou equipa, deve ser um especialista no que respeita ao funcionamento dos grupos bem como no campo da planificação da Animação.

Por último, achamos que não se nasce Animador, mas, há características que se têm ou não se têm!

2.2 CATEGORIAS DOS ANIMADORES SOCIOCULTURAIS: Um esboço de tipologias e Modalidades da Animação Sociocultural

A realidade da Animação Sociocultural é, de facto, muito variada, muito ampla e muito complexa. Dentro da sua enorme gama de actividades, mas limitando-nos á animação sociocultural, é possível esboçar um conjunto de tipologias tendo em conta as diferentes modalidades de actuação, níveis de formação e dedicação, âmbitos de intervenção, etc.

• Em função do estatuto do Animador Animador profissional, semi-profissional, voluntário
• Em função do âmbito de trabalho
• Diferenciamos animadores culturais, sociais, educativos. As três grandes áreas da animação.
• Em função da situação ou tarefa do Animador Animador profissional, semi-profissional, voluntário

Ander-Egg, estabelece diversos critérios para classificar a tipologia dos animadores, mais realista e baseada na prática da ASC. …
de acordo com a tarefa fundamental que realizam:

Animadores Generalistas -Aqueles que tem como função facilitar o acesso a conteúdos culturais, despertar o interesse pela participação em acções e eventos, promover actividades socioculturais.

Animadores Especializados – desenvolvem a sua acção sectorialmente, de acordo com a sua especialização e especificidade formativa – arte, teatro, musica, gerontologia, educação…

Àreas Artísticas: (arte) - teatro, dança, música, cinema, pintura, escultura, etc.
Àreas Intelectuais: Conferencias, mesas redondas, ateliers, etc.
Animadores Escolares – desenvolvem a sua actividade centrados na escola, com uma vertente de ligação á comunidade escolar e envolvente. Exercem (nalguns casos) o papel de mediadores sociais.

Animadores Sociais: Promoção do movimento associativo, realização de festas populares, promoção de reuniões, etc.,

Práticas/Manuais: Desenvolvimento de artesanato, ateliers, oficinas, etc.,

Lúdicas: Passeios, visitas de estuda, acampamentos, colónias de férias, Desportivas: Desportos individuais e colectivos, ginástica, jogos, etc.
… de acordo com o seu campo de acção:
Critérios de Idade Categoria Profissional
Contexto Social Contexto institucional
… de acordo com os âmbitos de animação
… de acordo com instituição a que pertence e ao grupo promotora
… de acordo com o modelo de referencia do animador
… de acordo com o estatuto

2.3 CAMPOS DE ACÇÃO E ÂMBITOS DA ANIMAÇÃO
Os Âmbitos da Animação Sociocultural delimitam naturalmente a sua operatividade. Nascem pelo facto de persistirem ainda muitas necessidades sociais não resolvidas;

Os diferentes Âmbitos da Animação Sociocultural exigem uma certa especialização no modelo de intervenção. “A Festa” é o espaço educativo da ASC para integração das diferenças

Síntese: TIPO DE INTERVENÇÃO

Prevenção de situações de carência e desigualdade socioeconomica
Reparação dos efeitos das situações anteriores
Promoção da Integração Social Público-alvo
Os grupos Comunidade (crianças, Adolescentes, Adultos, idosos)

Situações Problema: Exclusão social - Dependências - Marginalidade Desigualdade socioeconomica - Grupos de risco /vulneráveis - Analfabetismo Dificuldade de acesso às actividades de cultura e lazer

Que incidem sobe: Deficientes Crianças negligenciadas/maltratadas Toxicodependentes Alcoólicos Reclusos Delinquentes Acamados Sem-abrigo Desempregados Hospitalizados

INSTITUIÇÕES DE ENQUADRAMENTO
Natureza
Estatais : Autarquias – Câmaras e Juntas de Freguesia
Privadas: IPSS’s Misericórdias Cooperativas Associações ONG’s
Empresas: públicas e privadas

INSTITUIÇÕES DE ENQUADRAMENTO
ÂMBITO
1) Desenvolvimento local
2) Creches
3) Jardins de infância
4) Escolas (básico e sec.)
5) Lares
6) Centros de Dia e Convívio
7) Centros Lúdicos e Centros de recursos educativos
8) Centros e espaços multiusos
9) Centros Culturais
10) Bibliotecas
11) Hospitais
12) Centros de saúde
13) Clínicas
14) Termas
15) Centros Reg. Seg. Social
16) Instituto de Emprego e Formação Profissional
17) Estabelecimentos Prisionais
18) Institutos de reinserção social
19) Equipamentos relacionados com o património cultural

3. O ANIMADOR
3.1. APROXIMAÇÃO À FIGURA DO ANIMADOR SOCIOCULTURAL E AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PROFISSIONAL DE ANIMAÇÃO

AO ANIMADOR É PEDIDO

• Muita agilidade,
• “Jogo de cintura”,
• Empatia,
• Compreensão
MAS TAMBÉM QUE TENHA
• Ideias claras
• Objectivos realistas,

E QUE CONSIGA:
• Definir estratégias e metodologias coerentes
• Definir claramente um Plano,
• Ter uma estratégia de Acção.
O técnico de animação sociocultural é um especialista
em relações humanas, em “problemas humanos”
• É, muitas vezes, confidente e conselheiro
• É um técnico prático, democrático e assertivo
• Tenta por todos os meios ajudar os outros a sair do mundo do silêncio em que se encontram.
• O trabalho do animador é intervir na realidade, no contexto de vida das pessoas.
• É alguém que tem de actuar sempre e necessariamente a partir da selecção e decisão ideológicas da realidade, mas nunca como uma extensão partidária de uma determinada opção política e ou religiosa.
• É alguém que tem de actuar sempre de uma forma activa e dialogante para optar pelas pessoas e comunidades mais frágeis e desprotegidas.
• Animar nos indivíduos o desenvolvimento da atitude de auto-estima;
Potenciar neles e nas suas comunidades de origem, a participação e o compromisso relativo ao “querer poder”.

O Comportamento do Animador deve ter em conta que, ao abraçar esta profissão:
• Saber ouvir
• Espírito tolerante e democrático
• Capacidade de difundir vida
• “Mística” e vocação
• Capacidade de entrega
• Autoridade
• Convicção e confiança
• Tenacidade e resistência
• Dinamismo e habilidade
• Tolerância e compreensão
• Espírito organizativo
• Capacidade de sistematização do trabalho
• Conhecimentos técnicos
• Disponibilidade
• Convicção
• Abnegação
• Capaz de mandar sem dirigir
• Ser ponderado
• Não desesperar
• Não se iludir com facilidade
• Saber comunicar
• Habilidade para motivar
• Sentido de humor
• Equilíbrio psíquico/emocional
• Confiança nos outros
• Flexibilidade mental
• Abertura
• Tolerância

Síntese das CAPACIDADES atribuídas/exigidas ao ANIMADOR
Iniciativa
Cooperação
Decisão
Criatividade
Inovação
Trabalho em Equipa
Empatia
Comunicação
Espírito Crítico
Relacionamento Interpessoal
Flexibilidade
Sensibilidade
Responsabilidade
Empenhamento
Liderança


4. QUALIDADES DOS ANIMADORES SOCIOCULTURAIS

Qualquer pessoa pode ser animador?
Não é qualquer pessoa que pode ser animador, (por razões óbvias)

Não pode «animar» quem não está animado

Não pode «animar» quem é incapaz de infundir «animação»
Não pode «animar» quem não acredita que os outros podem «animar-se»
Não pode «animar» quem não é capaz de estabelecer relações interpessoais produtivas e gratificantes.


4.1 QUALIDADES PESSOAIS
As qualidades pessoais são mais importantes que as condições intelectuais?
Um dos princípios básicos da pedagogia da animação é o da proximidade vital. Significa e implica um contacto directo com as pessoas e a sua situação.

Para esta relação vital, são mais importantes as qualidades pessoais e humanas que os conhecimentos técnicos por si mesmos.
Nem sempre uma pessoa com conhecimentos e habilidades técnicas tem o sentido da solidariedade e do serviço aos outros. Por outro lado, uma pessoa com qualidades pessoais e humanas, está sempre fortemente motivada e interessada em adquirir conhecimentos e desenvolver capacidades técnicas para prestar um serviço cada vez melhor. Parece-nos importante assinalar as qualidades humanas mais importantes e necessárias para ser um animador sociocultural ao serviço das pessoas e das populações.

Estas qualidades não se referem apenas a aspectos psicológicos do animador (carácter e temperamento), mas também, e de uma forma especial, às suas atitudes existenciais ou seja, a maneira de se situar e de se comportar no que respeita aos valores que configuram um determinado estilo de vida.
Um animador sociocultural, deve desenvolver a sua personalidade o mais possível desenvolvendo as qualidades que o tornem cada vez mais “pessoa”).

Cada ser humano é um “ser em construção” permanente, ou seja, nunca atingimos a plenitude, nunca podemos afirmar: “estamos realizados”.



4.2 QUALIDADES HUMANAS
• Entusiasta,
• Disponível,
• Dinâmico,
• Optimista,
• Afável,
• Cordial,
• Integro,
• Educado e Respeitoso,
• Profissional,
• Sensível,
• Seguro de si mesmo,
• Preparado para mudanças de situação
• Disposição para ir onde for necessário



4.3 CAPACIDADE DE INFUNDIR VIDA

Um Animador tem que saber estar!
Deve estar de tal forma que a sua simples presença seja reconfortante para os outros, transmita calor e entusiasmo;
Deve acreditar e fazer crer na mudança e no que esta a fazer.
Um ser em plenitude, onde a verdade e o rigor andem lado a lado com a criatividade.
Criar é fazer e todos queremos criar coisas novas.
Fazer usando novas formas, percorrendo caminhos novos, encontrando novas soluções.
Se não amo a vida, não posso preocupar-me com os outros. Se não tenho razões para viver, não tenho motivos sérios e profundos para lutar. (Bergson)


4.4 Mística e Vocação de Serviço
Aqueles com quem se trabalha, não são clientes, mas sim pessoas e estas, enquanto tal, devem ser a preocupação central do animador. Cada pessoa tem necessidade de ser tratada e reconhecida como tal. Cada um de nós tem a obrigação de tratar cada indivíduo, não como uma coisa, um objecto ou um qualquer “n.º de processo”, mas como gente, que verdadeira e efectivamente é. O animador saberá reconhecer na sua pratica diária o destino próprio de cada indivíduo, cuja dignidade e valor transcende todas as considerações institucionais e politicas e todas as contingências históricas e sociais.

4.5 QUAL O SIGNIFICADO DO “SENTIDO DE SERVIR” DE UM ANIMADOR?
Ter Sentido de Serviço, significa ter:
SENSIBILIDADE, perante as necessidades humanas, quer na alegria, quer no sofrimento dos outros
DISPONIBILIDADE para com as pessoas
ENTREGA especial às tarefas e sobretudo às pessoas
ACOLHIMENTO cordial a todas e cada uma das pessoas
CONVICÇÃO E CONFIANÇA que as pessoas têm capacidade de sair da situação em que se encontram, transformando-se em protagonistas da sua própria promoção social e cultural.

Pode ter-se um grande sentido de serviço, ser-se generoso, mas assumir atitudes e comportamentos paternalistas – fazer para os outros e pelos outros. No fundo, o que o paternalismo revela, é uma falta de confiança nas pessoas com quem trabalhamos e nos relacionamos. É não acreditar-mos que as pessoas podem e tem capacidade para assumir a sua cota parte de responsabilidade em questões que dizem respeito ao seu próprio desenvolvimento. Quem não acredita nas pessoas e nas suas possibilidades de transformação e de crescimento, quem não tem essa fé e essa confiança, dificilmente poderá ser um animador comprometido e militante. Tal atitude não implica que não possa ser um profissional de animação, inclusivamente que seja um técnico competente, mas sem confiança no outro. Não podemos esquecer nunca que ás pessoas, não basta dar-lhes com o que viver, mas que há que as ajudar a encontrar, primeiro que tudo, porquê e para quê viver e mudar.

4.6 HABILIDADE PARA MOTIVAR
Esta condição é indispensável para quem pretende trabalhar com pessoas. Em boa medida, o êxito dos programas de animação dependem da motivação e do interesse dos envolvidos. O que nos é indiferente, não nos move á acção. Dificilmente pode animar quem não é capaz de motivar. O entusiasmo é o principal factor motivacional de que dispõe o animador sociocultural.

4.7 DOM DE “SABER ESTAR COM AS PESSOAS”
Esta qualidade manifesta-se na amabilidade e simpatia para com as outras pessoas.
Bom humor e capacidade para saber escutar, ter palavra fácil e convincente, facilidade de comunicação, capacidade de acolhimento, abertura e disponibilidade para os outros. Tudo isto se resume à habilidade de criar uma relação pessoal de confiança e compreensão e na capacidade para superar situações tensas e conflitivas.
Para isto é muito importante a tolerância, passar por cima dos defeitos, dos rótulos, dos estereótipos.
Também é importante a compreensão das deficiências, limitações, incapacidades ou defeitos dos outros, do mesmo modo que esperamos que compreendam os nossos.
Ganhar a confiança das pessoas, não implica nenhum tipo de acção demagógica quando se apoio na lealdade, claridade e sentido de serviço, uma vez que se trata simplesmente de estabelecer relações de simpatia e de confiança.
À que saber encontrar o lado positivo (o lado bom) de cada coisa, e dele tirar partido.

4.8 SENTIDO DE HUMOR
O humor é o ingrediente que torna mais agradável a relações interpessoais e um meio airoso de sair de situações tensas, embaraçosas e constrangedoras. Com o humor, teremos sempre presente a dimensão lúdica e fantasista do “ser pessoa”. «Precisamos de nos rir das coisas e de nós mesmos». Ou então, «Precisamos de aprender a rir das coisas e de nós próprios». Não é saudável, para o trabalho do animador, andar pelo mundo com um sentido de tragédia.

“O humor provoca a tomada de consciência (…), da condição trágica e irrisória do homem … pode deslindar (e elucidar) muito melhor do que o racionalismo formal ou a dialéctica automática, as contradições do espírito humano, a estupidez e o absurdo”. Eugene Ionesco

4.9 MATURIDADE EMOCIONAL
Um animador actua sempre sobre a realidade humana, onde a cooperação e o conflito se misturam permanentemente.
Frente a esta circunstância, a maturidade emocional (que é apenas um aspecto da maturidade pessoal), desempenha um papel fundamental. Ela expressa a capacidade de actuar equilibradamente, com espírito sereno e tranquilo, quando se está debaixo de diferentes tipos de pressão.
Não devemos exprimir grandes variações de ânimo. Nem euforia e triunfalismo nos bons momentos, nem depressão e pessimismo nos momentos maus. Não há que viver irritado, em constante preocupação, fatigado, em tensão constante. Há que actuar com energia e decisão, mas com toda a tranquilidade que possamos.

4.10 FORÇA E TENACIDADE PARA VENCER DIFICULDADES
Toda a tarefa de acção social e cultural vai encontrar, inevitavelmente, uma série de dificuldades e obstáculos. Desde a apatia á ingratidão e ao desprezo, ou simplesmente “são as “coisas” que não andam ao ritmo que desejamos, queremos e previmos”. Dai termos a necessidade de ser fortes, tenazes e perseverantes para não nos deixarmos enliçar nas dificuldades e ceder ante os obstáculos. Devemos ter impulso e coragem suficiente para levar a cabo a nossa tarefa e alcançar os objectivos que nos propusemos, pese todas as dificuldades e problemas que se vão colocando.

5. MISSÃO DO ANIMADOR SOCIOCULTURAL - ACTIVIDADES
O Animador e Profissional de Animação Sociocultural, tem por missão, promover o desenvolvimento sociocultural de grupos e comunidades, organizando, coordenando e/ou desenvolvendo actividades facilitadoras da animação (de carácter cultural, educativo, social, lúdico e recreativo).
Actividades
• Estuda, integrado em equipas multidisciplinares, o grupo alvo e o seu meio envolvente, diagnosticando e analisando situações de risco e áreas de intervenção sob as quais actuar
• Planeia e implementa em conjunto com a equipa técnica multidisciplinar, projectos de intervenção socio-comunitária.
• Planeia, organiza e promove/desenvolve actividades de carácter educativo, cultural, desportivo, social, lúdico, turístico e recreativo, em contexto institucional, na comunidade ou ao domicílio, tendo em conta o serviço em que está integrado e as necessidades do grupo e dos indivíduos, com vista a melhorar a sua qualidade de vida e a qualidade da sua inserção e interacção social.

• Promove a integração grupal e social;

• Incentiva, fomenta e estimula as iniciativas dos próprios indivíduos, para que estes organizem e decidam o seu projecto lúdico ou social ou cultural;
• Fomenta a interacção entre os vários actores sociais da comunidade;
• Acompanha as alterações que se verifiquem na vida dos membros da sua comunidade/grupo e que afectem o seu bem-estar e actua de forma a ultrapassar possíveis situações de isolamento, solidão e outras
• Informa a equipa técnica caso se verifique a ocorrência de alguma situação anómala e articula a sua intervenção com os actores institucionais nos quais o grupo ou o indivíduo se insere; • Elabora relatórios de actividades


6. O CONJUNTO DOS SABERES
6.1 O SABER “SABER” Conhecimentos profundos de técnicas de animação
Conhecimentos profundos sobre a sua comunidade/grupo
Conhecimentos sólidos de técnicas de socorrismo
Conhecimentos fundamentais de expressão corporal, dramática, musical e plástica
Conhecimentos fundamentais de educação física, desporto e equipamentos desportivos
Conhecimentos fundamentais sobre intervenção social
Conhecimentos fundamentais de artes e actividades recreativas
Conhecimentos fundamentais de política social
Conhecimentos fundamentais de normas de segurança, higiene e saúde no trabalho
Conhecimentos de qualidade
Conhecimentos básicos de gerontologia
Conhecimentos básicos de psicologia
Conhecimentos básicos de antropologia
Conhecimentos básicos de sociologia
Conhecimentos básicos de tecnologias da informação
Conhecimentos básicos de psicossociologia
Conhecimentos básicos de psicopatologia da adolescência e juventude


6.2 O SABER FAZER “TÉCNICO”
Ler e interpretar diagnósticos sociais da comunidade e relatórios psicológicos e sociais dos clientes/utilizadores, ou programas de animação identificando as principais áreas de intervenção
Observar, através de instrumentos vários, a comunidade, o grupo e o indivíduo de forma a realizar o seu diagnóstico social e identificar as suas carências, necessidades e potencialidades

Identificar e seleccionar as técnicas e práticas de animação tendo em conta o tipo de programas de animação, e as características dos clientes/utilizadores, dos grupos e das comunidades e os objectivos que pretende alcançar

Identificar os recursos necessários para a concretização de projectos de intervenção sociocomunitária e de animação

Observar e caracterizar a população alvo, bem como os fenómenos grupais, recolhendo informações necessárias, utilizando técnicas de observação, entrevistas e questionários

Identificar as necessidades e as motivações individuais e do grupo
Desenvolver actividades diversas, nomeadamente oficinas, visitas a museus e exposições, encontros desportivos, culturais e recreativos, encontros intergeracionais, actividades de expressão corporal, dramática, animação de rua, exercício físico e ligeiro, leitura de contos e poemas, visionamento de filmes e posterior discussão, debate de temas, trabalhos manuais com posterior exposição dos trabalhos realizados, culinária, passeios ao ar livre

Conceber os materiais necessários para o desenvolvimento das actividades facilitadoras da animação, nomeadamente criar e produzir fantoches, gigantones, esculturas, trabalhos em cerâmica, máscaras, adereços e pinturas

Envolver as famílias nas actividades desenvolvidas, fomentando a sua participação

Identificar as necessidades e as motivações individuais e do grupo
Desenvolver actividades diversas, nomeadamente oficinas, visitas a museus e exposições, encontros desportivos, culturais e recreativos, encontros intergeracionais, actividades de expressão corporal, dramática, animação de rua, exercício físico e ligeiro, leitura de contos e poemas, visionamento de filmes e posterior discussão, debate de temas, trabalhos manuais com posterior exposição dos trabalhos realizados, culinária, passeios ao ar livre

Conceber os materiais necessários para o desenvolvimento das actividades facilitadoras da animação, nomeadamente criar e produzir fantoches, gigantones, esculturas, trabalhos em cerâmica, máscaras, adereços e pinturas
Envolver as famílias nas actividades desenvolvidas, fomentando a sua participação

Incentivar os membros do seu Grupo/comunidade a organizarem a sua vida no seu meio envolvente e a integrarem-se na sociedade, participando activamente, construindo o seu projecto de vida e demonstrando através da realização de diversas actividades quais as capacidades e as competências de cada um.
Sensibilizar e envolver a comunidade no acompanhamento deste tipo de grupos, de forma a fomentar a sua integração

Despistar situações de risco, encaminhando-as para as equipas técnicas especializadas
Entre outras…

6.3 O SABER “FAZER” “SOCIAIS E RELACIONAIS”
O Animador é, um técnico qualificado que, na sua formação teórica aprendeu um conjunto de saberes, sociais e reaccionais que lhe permitem agir correctamente no desempenho das suas funções:
Facilitar a comunicação
Garantir que a informação está acessível e ao alcance de todos, em igualdade de circunstancias e a informação
Gerir e mediar possíveis conflitos
Trabalhar em equipas multidisciplinares
Adaptar-se às diferenças individuais, situacionais e socioculturais e a ambientes diversos
Comunicar de forma clara, precisa, persuasiva e assertiva


REFERENCIAL DAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS
O Conjunto dos Saberes Os Saberes “Fazer” “Sociais e Relacionais"
QUADRO SINTESE NÍVEL DO SABER
(quadros de referencia teóricos dos processos sociais e culturais)
Descreve
Conhece
Identifica
Caracteriza
Relaciona
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Avalia