domingo, 1 de junho de 2008

4 Poemas, 4 Mulheres

Mulher Mãe
(…) Ressuscito poemas e nas vozes dos anjos,
ventanias de aromas povoam as casas de pedra da aldeia do mundo,
o âmbar e a cidreira repousam junto das nossas memórias,
almas unidas até além da morte...Mulher,
somos verbo, pujança e trilho.
E quando o céu povoa silêncios, recolhemos
e reunidas reinventamos as palavras
adormecidas nas vozes de estrelas,
guardiãs da nossa consciência, eternamente.
E lutamos.

Mulher Coragem
(…) Deixa que a vida me diga de ti,
trabalho, a labuta, a faina,
As mãos gretadas, o perfume das rosas
No teu corpo abençoado.
Deixa que a vida me diga de ti,
O rosto da humanidade sofrida,
O fruto do amanhã, a esperança no infinito,
O presente. Sempre.

Mulher Solidão
(…) minha asa pousa "no parapeito da janela do silêncio"
e cai
uma lágrima quente a doer, sem voz
ave ferida...
No burilar da minha solidão
da terra sofrida
a solidão presente
e convivo
nos momentos-horizontes
odor de gaivota-mar.
No burilar da minha solidão
escrevo na água "memória do sempre"
sílabas de paz, (…)

Mulheres, Comovidas e Mudas
(…) por entre as rugas, a água teima em não secar,
e no meu peito rasgado de dor
a angústia de não ter "pátria",
fere-me a alma.
...E num canto de mim,
guardo um musgo,
não de trevas
mas de luz...
Ah!
Eu amo o Genuíno e o Labor,
Amo as gentes, as palavras, os sonhos...
O sentido das palavras, e das emoções,
Sou apenas, Mulher.

in Percursos
Cristina Correia