terça-feira, 3 de maio de 2011

Associação de Amizade e Apoio à Língua Portuguesa no Mundo



Associação de Amizade e Apoio à Língua Portuguesa no Mundo - Sessão solene que vai ter lugar no próximo dia 6 de Maio, 6.ª feira, pelas 21:00 horas na Aula Magna do Instituto Politécnico de Viseu, tendo como objectivo a criação da «Associação de Amizade e Apoio à Língua Portuguesa no Mundo». Este importante evento tem garantida a presença, entre outras personalidades, do Prof. Doutor Mário Filipe, Vice-Presidente do Instituto Camões, e do Eng.º Domingos Simões Pereira, Secretário Executivo da CPLP. Será prestada pública homenagem a todos os Professores «que, com amorosa e criativa sensibilidade, imaginação, inteligência, dedicação e competência, promovem e orientam o seu ensino e a sua aprendizagem ou que, pedagógico-didacticamente, a accionam, com adequada mediação comunicativa, na leccionação dos demais programas curriculares, sejam das áreas das Humanidades, das Belas Letras e das Belas Artes sejam das áreas da Ciência, da Técnica e da Tecnologia» e a todos quantos, nas áreas da Comunicação Social, da Saúde, do Direito, da Administração Pública, da Economia, da Vida Empresarial e demais Instituições e Organismos de relevante acção em todas as dimensões Vida Comunitária da Cidade e da Região, têm contribuído para a valorização da mais esplendorosa, perdurável e irradiante criação de Portugal — a Língua Portuguesa —, no lapidar ajuizamento do Prof. Doutor Vítor Aguiar e Silva. Este evento, que integra na sua Comissão de Honra diversas personalidades da Vida Académica, Cultural, Educativa, Política, Religiosa, Empresarial, Militar e dos demais relevantes sectores e instituições sociais da Cidade e da Região, conta, como ficou dito, com a presença, já confirmada, do Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e do Presidente do Instituto Camões, sinal evidente da importância que a criação desta Associação já suscitou, sendo de sublinhar que Viseu e o seu Instituto Politécnico se vão transformar, deste modo, em centro institucional e simbólico da Língua Portuguesa à escala planetária. Do programa oficial, além das intervenções de natureza académica e cultural, constam, entre outras componentes, um momento musical pelo Orfeão de Viseu e a declamação de poemas pelo talentoso Guilherme Gomes.

Língua materna - legado, tesouro e memória… O tempo é tão leve, tão fluido e tão enganador que não se dá por ele... O que sentimos, o que pensamos e o que sonhamos transborda dessa energia primordial, fascinante e misteriosa que nos habita e nos move: a Vida! E a vida que somos, que temos vindo a ser na linha do tempo, é um crescendo de horizonte sem fim... Ainda ontem, mal acabavámos de despir o bibe do jardim-de-infância, concluíamos uma primeira e decisiva fase da nossa carreira de estudantes: o 1.º ciclo. E como foi determinante essa fase! Conquistámos, então, a chave mágica do alfabeto e, com ele, a língua que vínhamos aprendendo desde o berço, ao colo de nossa mãe, adquiriu uma incontornável dimensão, mais densa e mais poderosa: passámos a saber ler e escrever. Com ela a circular, como o leite materno, na alma e no coração e a fulgurar, alfabética e irradiante, em nossos olhos e em nossos dedos, entrámos no mundo das histórias de fadas, abrimos páginas de saber e de encantamento, ensaiámos cálculos acrobáticos, criámos os nossos primeiros poemas, demos nova forma aos nossos sonhos, realizámos testes de aprendizagem ritmados pelo silêncio que pensa, cadenciado, aqui ou ali, por uma lágrima ou por uma gota de suor... Fomos, assim, crescendo em sabedoria e em virtude, moldando o nosso modo de ser e de estar no mundo, tecendo, seguramente, uma teia de sólidos laços, criando uma roda viva de amigos e de festa, ao mesmo tempo que nos fomos preparando para mais exigentes desafios... Com a consumação desse fundamental trajecto de escolaridade que (simultaneamente com o desenvolvimento global das nossas capacidades e competências, com o aperfeiçoamento das nossas atitudes e a consciência da primazia dos valores) visou promover e aprofundar, de modo reflectido, o nosso entendimento do que é a cidadania, do que significa a sua assunção como projecto e o seu exercício livre e responsável, passou a tomar vulto crescente o próprio significado de todo o nosso agir enquanto cidadãos... Dentro em breve, acabávamos de exercer o direito e o dever do voto, o poder de intervir na vida da Cidade e de tomar parte, também, na modelação do seu destino... Mas, se bem pensarmos, a consciência de tudo isso ficou a dever-se, nuclearmente, à crescente apropriação que fomos fazendo da nossa língua e do homólogo influxo vincante e estruturomorfo que ela foi exercendo em nós bem como às conquistas sapienciais que fomos protagonizando nessa vital interacção: nós a sermos, por um lado, cada vez mais nós próprios e mais outros nela e com ela; ela a ser, pelo outro, cada vez mais ela dentro de nós... Não deixemos, então, que nos calem “Os Lusíadas” para podermos continuar a sentir circular em nossas veias, em nossos olhos e em nossas mãos, a seiva fecundante da língua e a alma fundadora, iluminante e universal que pulsa no ritmo e na magia das suas estâncias canoras e que nos fazem cidadãos do mundo inteiro («Por mares nunca de antes navegados...» [Lus. I, 1], «... novos mundos ao mundo irão mostrando», [Lus. II, 45]). Fernando Paulo Baptista