segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 10 de julho de 2013
Filho Poema
Filho Poema
O que me importa
eu sei.
Momentos longos em pensamento
…preciosos
teus olhos vivos.
Estrelas desenham mistérios
por descobrir
em tua alma desperta
... quando dormes…
Meu jasmim,
guardo aqui,
perfume,
pétala
... assim
sempre
sem pressa
sem horas e minutos e segundos
sempre
... aqui
neste peito,
ventre rasgado
sem tempo,
eu te convivo.
Em todo o tempo
abraçado,
juntinho a mim.
Cristina Correia, in Cerne e o Verso
http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?session=13693K5H43609.796370&menu=search&aspect=subtab11&npp=20&ipp=20&spp=20&profile=bn&ri&term=Cerne+e+o+Verso&index=.GW&x=0&y=0#focus
O que me importa
eu sei.
Momentos longos em pensamento
…preciosos
teus olhos vivos.
Estrelas desenham mistérios
por descobrir
em tua alma desperta
... quando dormes…
Meu jasmim,
guardo aqui,
perfume,
pétala
... assim
sempre
sem pressa
sem horas e minutos e segundos
sempre
... aqui
neste peito,
ventre rasgado
sem tempo,
eu te convivo.
Em todo o tempo
abraçado,
juntinho a mim.
Cristina Correia, in Cerne e o Verso
http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?session=13693K5H43609.796370&menu=search&aspect=subtab11&npp=20&ipp=20&spp=20&profile=bn&ri&term=Cerne+e+o+Verso&index=.GW&x=0&y=0#focus
segunda-feira, 1 de julho de 2013
testamento
testamento
Num prado minhas cinzas em repouso sorverão as sementes das rosas imanadas pelas águas do tempo
dos silêncios
ficarei para sempre no momento incerto do eterno, no chão da terra das árvores do mundo
permanecerei nas sílabas escritas pelas águas da chuva, que só eu me escuto no silêncio das palavras adormecidas
basta-me o silêncio e o encontro do novo dia com as sementes e com as águas e o caule e as folhas e as rosas a germinarem no chão da terra do prado em repousono alvorecer de mais um dia
sinto espanto, sobra-me a lembrança e a memória revisitada dos vultos assimétricos da vida num qualquer lugar dos anjos e exalo a saudade do olhar dos rostos amigos
guardo um musgo numa raiz diluída em oração e no meu incauto sinto a seiva da humanidade onde se
oculta o tempo dos sossegos, porque a alma, essa, remida, só os deuses a tocam
e a cada batimento da terra só o silêncio me habitará e oiço apenas a memória e viajo junto de vós
concilio-me com a natureza e ao monólogo de uma Ave Maria, visito-vos sempre em hiatos vazios e no silêncio do poente dos dias
porque o tempo em que vivo permanecerá nas sílabas escritas pelas águas da chuva num prado em
repouso
e em ti permanecerei, e deixa que a vida me diga de ti
o trabalho a coragem a confiança a serenidade o futuro o presente a esperança, sempre
que fique só um monumento de cinzas de paz a albergar o olhar das almas e no enleio do fio dos dias um abraço de Deus. in testamento, Cristina Correia.
sábado, 1 de junho de 2013
Terra de ninguém
Terra de ninguém
Imagino que à passagem do tempo
somos uma estância em metamorfose,
percorremos o limite da utopia
a cada batimento da terra
e, só o silêncio nos é revelado.
Basta ler os lugares dos sonhos
e, de quem os habita.
Mas, na orla infinita do tempo incerto
da passagem da nossa existência humana
há ainda versos por ler
no enleio do fio dos dias.
Nada que agrida me é semelhante.
Nada que floresça me é indiferente.
Atravesso desertos
e, nos desencontros
descubro sinais visíveis, mil reflexos
de sustos e refúgios.
Inocularia na humanidade
alimento indispensável
para as almas da terra de ninguém,
onde a bondade ainda brilha.
Oiço, apenas, a memória que madruga
no envelhecimento da paz.
Cristina Correia
estranho tempo o tempo de espera
estranho tempo o tempo de espera
É no despontar da noite ao alvorecer dos rios que adormecem as aves
sonham os olhos serenos por entre os flancos pálidos dos vales...
as árvores permanecem eternas
e a povoar o cântico das palavras encontro o texto branco dos pássaros
estranho tempo o tempo de espera
as pedras os passos os livros o olhar ínvio dos gatos
Escrevem-se os dias sem espaço de cor pardacenta
e dizem os poetas o texto calado mudo surdo
vindimado
nas ruas que ninguém vê, as lágrimas rolam nos passeios
nas caixas...
há côdeas, há pobres,
muitos pobres... e fome que se esquece
e dizem os poetas o texto calado mudo surdo
vindimado
solstício de mel, de aromas de vinho,
de canela, de lembranças e de bolinho,
sobre a toalha de renda um farnel recheado
na terra húmida
sente-se vibrar o trepidar forte da natureza mãe
Eis aqui os teus Filhos!
Ainda há abraços fraternos esquecidos.
No recinto sagrado das almas fizeram-se silêncios
e as chuvas caíram
durante três dias e três noites
na terra das palavras plantaram-se folhas de seda
sete abraços enfeitaram pedaços da terra do céu
sete liras cantaram melodias junto dos esquecidos
renasce o odor da terra
estranho tempo o tempo de espera.
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Cristina Correia... poesia dos nossos dias
Carta aos amigos: Fico dias, sem pressa. Demoro-me nos monólogos da memória revisitada, férteis de inteireza humana. Registo as vossas palavras, as frases, as vossas emoções. Perdura sempre a saudade do olhar, dos gestos e dos vocábulos que posso revisitar: os sentimentos, os valores, o olhar profundo e os rostos amigos. Sobra-me a lembrança da amizade que prevalece no húmus do meu sentimento, resistindo à distância e à privação das palavras fraternas, diálogos, desabafos e cumplicidades. Entre velhos manuscritos caligrafados em folhas de papel, vou enxergando os vultos das letras e os desenhos assimétricos da minha vida. As folhas já soltas, envolvidas por um xaile, no interior da arca, vêm reconstituir um lugar no tempo da minha íntima emoção. Recordo-os: um lugar de vós, um lugar do "Ser", um lugar de mim, um lugar dos anjos, um lugar dos registos da memória. Ali, naquele lugar, as vozes vêm ao meu encontro. Revivo todos e cada um dos "humanos", cada um dos amigos. Já o céu está povoado de silêncios, quando me recolho e reinvento os verbos adormecidos e outras vozes. Vozes do tempo, vozes de pedra, vozes de estrelas, guardiãs da nossa própria consciência. E para si amigo, que a saúde lhe permita realizar os seus propósitos e que o afecto, a generosidade, o profissionalismo, a energia, a vontade, o projecto, o sonho e a poesia continue a brotar nos seus gestos de humanidade. Um abraço amigo, sempre Cristina Correia.
Blog de Cristina Correia:
cerne e o verso
http://cerneeoverso.blogspot.pt/facebook de Cristina Correia:
Oportal Oportal
https://www.facebook.com/oportal.oportal
Cristina Correia... poesia dos nossos dias
[...] Interrompo a caminhada e digo interrompo, porque espero repetir a leitura do livro de Cristina Correia. Cada poema um caminho, uma hora, um momento, o intimismo velado ou revelado. Sempre que for relido, os caminhos desdobrar-se-ão, alterar-se-ão, porque nunca se repetem iguais [...]
Do ``Prefácio'' de Armando Pinheiro
«[...] A arte, a emoção, a afectividade não se medem: sentem-se. A interferência da lógica é limitada ou nula. (…) Vou agora percorrer os poemas que pretendo comentar, isto é, os caminhos onde Cristina Correia se demorou, tocada pela emoção que a inspirou, estremecendo sob a impressão sofrida, reflectindo na novidade que a visitou, meditando na escolha da palavra adequada, indo ao encontro do ritmo imediatamente conseguido ou oficinalmente obtido, na alegria da necessidade cumprida. Vou pousando os olhos nos versos transparentes ou velados, mas sempre sóbrios de dramatismo espectacular; e demorando o pensamento nas imagens sugestivas. Assim me demoro (…). Interrompo a caminhada e digo interrompo, porque espero repetir a leitura da poeta Cristina Correia. Cada poema um caminho, uma hora, um momento, o intimismo velado ou revelado. Sempre que for relido, os caminhos desdobrar-se-ão, alterar-se-ão, porque nunca se repetem iguais, nem para a autora nem para o leitor. Mas várias coisas permanecerão como denominadores comuns. A sinceridade pura da poesia, o poeta que fita o universo e se debruça dentro de si próprio, que sabe transformar a alma em tinta, a tinta em palavras ritmadas e, por fim, o ritmo em comunicação. Tudo isto é poesia, que, magicamente, fica a repercutir-se. [...]» Armando Pinheiro.
Cristina Correia nasceu em 1965 na Guiné-Bissau.
. Pós-Graduação: Leitura, Aprendizagem e Integração das Bibliotecas nas Actividades Educativas (FPCEUP), 2013.
. Licenciatura Animação Sócio-Cultural (Educação, Desporto e Cultura) - ESEV - IPV, 2002.
. Possui Medalhas e Diplomas de “Honra ao Mérito Cultural” no âmbito literário - Casa Museu Maria da Fontinha (Castro Daire, Viseu).
. Cursos de Formação e Especialização na área de Bibliotecas Escolares/Professor Bibliotecário:
- FEUP 2004, Porto.
- FPCEUP 2005, Porto.
. Possui Medalhas e Diplomas de “Honra ao Mérito Cultural” no âmbito literário - Casa Museu Maria da Fontinha (Castro Daire, Viseu).
. Cursos de Formação e Especialização na área de Bibliotecas Escolares/Professor Bibliotecário:
- FEUP 2004, Porto.
- FPCEUP 2005, Porto.
. Curso de Educação de Infância - Magistério Primário Penafiel, 1986.
. Colaboradora em Jornais Regionais: "Douro Hoje" Lamego.
. Exerceu funções Técnico-Pedagógicas na DREN – Ministério da Educação - CE-EAE Douro Sul (2005-2011).
. Colaboradora em Jornais Regionais: "Douro Hoje" Lamego.
. Exerceu funções Técnico-Pedagógicas na DREN – Ministério da Educação - CE-EAE Douro Sul (2005-2011).
. Autora do livro Poesia “Cerne e o Verso”, 2002.
http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?session=1370020E5259J.607200&menu=search&aspect=subtab11&npp=20&ipp=20&spp=20&profile=bn&ri=&term=cerne+e+o+verso&index=.GW&x=-759&y=-494&aspect=subtab11
. Co-Coordenação do livro "Histórias D`Ouro: O rio, Os rios e os montes", ME DREN, 2007.
http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?session=1370023421D12.613556&menu=search&aspect=subtab11&npp=20&ipp=20&spp=20&profile=bn&ri=1&source=~%21bnp&index=.GW&term=vozes+do+douro&x=-406&y=-96&aspect=subtab11
. Co-autora de vários livros de poesia e de prosa poética:
- Vozes do Douro I e II
http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?session=1370023421D12.613556&menu=search&aspect=subtab11&npp=20&ipp=20&spp=20&profile=bn&ri=1&source=~%21bnp&index=.GW&term=vozes+do+douro&x=-406&y=-96&aspect=subtab11
- Antologia de Poetas Lusófonos III e IV
http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?session=P3A0025036T46.617474&profile=bn&source=~!bnp&view=subscriptionsummary&uri=full=3100024~!1718033~!2&ri=1&aspect=subtab11&menu=search&ipp=20&spp=20&staffonly=&term=Antologia+de+Poetas+Lus%C3%83%C2%B3fonos+&index=.GW&uindex=&aspect=subtab11&menu=search&ri=1
- Natal Renascido
http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?session=R3F0024D34453.616022&menu=search&aspect=subtab11&npp=20&ipp=20&spp=20&profile=bn&ri=&term=Natal+Renascido&index=.GW&x=-759&y=-494&aspect=subtab11
- Leituras D´Ouro
- Amor Razão Maior
http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?session=13Y0023162V2K.612891&profile=bn&source=~!bnp&view=subscriptionsummary&uri=full=3100024~!1708638~!9&ri=1&aspect=subtab11&menu=search&ipp=20&spp=20&staffonly=&term=fernando+branco+marado&index=.GW&uindex=&aspect=subtab11&menu=search&ri=1
. Figura no Dicionário dos Autores do Distrito de Leiria - Actualização ao séc. XX - 2004.
http://catalogolx.cm-lisboa.pt/ipac20/ipac.jsp?session=12758V1370HX6.365608&profile=rbml&uri=link=3100027~!1617814~!3100024~!3100022&aspect=basic_search&menu=search&ri=1&source=~!rbml&term=Dicion%C3%A1rio+dos+autores+do+Distrito+de+Leiria+%3A+actualiza%C3%A7%C3%A3o+ao+s%C3%A9c.+XX&index=ALTITLE
. Exerceu a função de Vice-presidente da Academia de Letras e Artes Lusófonas ACLAL http://aclalusofonas.blogspot.pt/
DEP. LEGAL: |
|
. Co-Coordenação do livro "Histórias D`Ouro: O rio, Os rios e os montes", ME DREN, 2007.
PT -- 260846/07 |
. Co-autora de vários livros de poesia e de prosa poética:
- Vozes do Douro I e II
http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?session=1370023421D12.613556&menu=search&aspect=subtab11&npp=20&ipp=20&spp=20&profile=bn&ri=1&source=~%21bnp&index=.GW&term=vozes+do+douro&x=-406&y=-96&aspect=subtab11
- Antologia de Poetas Lusófonos III e IV
http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?session=P3A0025036T46.617474&profile=bn&source=~!bnp&view=subscriptionsummary&uri=full=3100024~!1718033~!2&ri=1&aspect=subtab11&menu=search&ipp=20&spp=20&staffonly=&term=Antologia+de+Poetas+Lus%C3%83%C2%B3fonos+&index=.GW&uindex=&aspect=subtab11&menu=search&ri=1
- Natal Renascido
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- Leituras D´Ouro
- Amor Razão Maior
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. Figura no Dicionário dos Autores do Distrito de Leiria - Actualização ao séc. XX - 2004.
http://catalogolx.cm-lisboa.pt/ipac20/ipac.jsp?session=12758V1370HX6.365608&profile=rbml&uri=link=3100027~!1617814~!3100024~!3100022&aspect=basic_search&menu=search&ri=1&source=~!rbml&term=Dicion%C3%A1rio+dos+autores+do+Distrito+de+Leiria+%3A+actualiza%C3%A7%C3%A3o+ao+s%C3%A9c.+XX&index=ALTITLE
. Exerceu a função de Vice-presidente da Academia de Letras e Artes Lusófonas ACLAL http://aclalusofonas.blogspot.pt/
. Co-autora "A Magia das Chaves", 2013.
Desafio ao Conto
. Livro de poesia da poeta/escritora Cristina Correia: "Cerne e o Verso"
http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?session=1370020E5259J.607200&menu=search&aspect=subtab11&npp=20&ipp=20&spp=20&profile=bn&ri=&term=cerne+e+o+verso&index=.GW&x=-759&y=-494&aspect=subtab11
(A propósito de Cristina Correia, Armando Pinheiro (Poeta/Escritor - Porto) escreveu no prefácio do livro "Cerne e o Verso":
«[...] A arte, a emoção, a afectividade não se medem: sentem-se. A interferência da lógica é limitada ou nula. (…) Vou agora percorrer os poemas que pretendo comentar, isto é, os caminhos onde Cristina Correia se demorou, tocada pela emoção que a inspirou, estremecendo sob a impressão sofrida, reflectindo na novidade que a visitou, meditando na escolha da palavra adequada, indo ao encontro do ritmo imediatamente conseguido ou oficinalmente obtido, na alegria da necessidade cumprida. Vou pousando os olhos nos versos transparentes ou velados, mas sempre sóbrios de dramatismo espectacular; e demorando o pensamento nas imagens sugestivas. Assim me demoro (…). Interrompo a caminhada e digo interrompo, porque espero repetir a leitura da poeta Cristina Correia. Cada poema um caminho, uma hora, um momento, o intimismo velado ou revelado. Sempre que for relido, os caminhos desdobrar-se-ão, alterar-se-ão, porque nunca se repetem iguais, nem para a autora nem para o leitor. Mas várias coisas permanecerão como denominadores comuns. A sinceridade pura da poesia, o poeta que fita o universo e se debruça dentro de si próprio, que sabe transformar a alma em tinta, a tinta em palavras ritmadas e, por fim, o ritmo em comunicação. Tudo isto é poesia, que, magicamente, fica a repercutir-se. [...]» Armando Pinheiro (ARMANDO PINHEIRO nasceu no Porto, em 1922. Médico e reputado poeta. Publicou mais de uma centena de livros de poesia e organizou o volume Sonetos Portugueses. Licenciou-se em Medicina, pela Faculdade de Medicina do Porto, em Julho de 1945. Foi Interno na Estância Sanatorial do Caramulo desde 1945 até 1947. No regresso do Caramulo, foi Médico Auxiliar e depois Broncologista no Sanatório Rodrigues Semide, onde criou o Serviço de Broncologia. Chefiou o Serviço de Broncologia do Sanatório D. Manuel II, entre 1955 e 1970. Foi director do Serviço de Cuidados Intensivos do Hospital de Santo António. Nele trabalhou desde a sua criação (1962) até à sua aposentação (1984). Publicou muitas dezenas de trabalhos médicos, alguns em revistas estrangeiras (França, Espanha, Holanda). Proferiu lições na Faculdade de Medicina do Porto, no Hospital de S. João, no Porto e em Lisboa. Em Maio de 1998 foi condecorado com a Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos. Em Novembro de 1999, foi condecorado com a Medalha de Ouro da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.)
Armando Pinheiro (Porto, n. em 1922) Médico, escritor e reputado poeta. |
Obra da autora Cristina Correia a publicar:
“À Procura de Uma Identidade Cultural - o trabalho e o lazer no contexto rural do espaço duriense” IPV-ESE (2000), um livro assinado pelos prefaciadores: Alexandre Parafita, ...
«É muito animador poder apreciar trabalhos desta natureza, onde, através de uma reinterpretação das obras de autores durienses na sua relação com os espaços naturais e culturais que as inspiraram, se procura a matriz de uma identidade cultural. Esta procura da identidade, tendo o Douro (o Rio, a Região e o Homem) como emblema, é um desafio que a todos deve motivar. E mais ainda quando a grande aposta é levar as novas gerações a redescobrirem este reino mágico que inspirou trovadores e poetas - um papel que à autora Cristina Correia, enquanto professora, cabe desempenhar, e que, neste trabalho académico, demonstra bem a vocação e a sensibilidade para o conseguir.» Alexandre Parafita - Escritor e Investigador. (Centro de Tradições Populares Portuguesas da Univ. Lisboa).
“À Procura de Uma Identidade Cultural - o trabalho e o lazer no contexto rural do espaço duriense” IPV-ESE (2000), um livro assinado pelos prefaciadores: Alexandre Parafita, ...
«É muito animador poder apreciar trabalhos desta natureza, onde, através de uma reinterpretação das obras de autores durienses na sua relação com os espaços naturais e culturais que as inspiraram, se procura a matriz de uma identidade cultural. Esta procura da identidade, tendo o Douro (o Rio, a Região e o Homem) como emblema, é um desafio que a todos deve motivar. E mais ainda quando a grande aposta é levar as novas gerações a redescobrirem este reino mágico que inspirou trovadores e poetas - um papel que à autora Cristina Correia, enquanto professora, cabe desempenhar, e que, neste trabalho académico, demonstra bem a vocação e a sensibilidade para o conseguir.» Alexandre Parafita - Escritor e Investigador. (Centro de Tradições Populares Portuguesas da Univ. Lisboa).
Cerne
| ||
Mar
Só a maresia dissolve o ar.
Aquela pintura ardente que se debruça na água como um sopro morno de ar cansado, de tanto olhar. | ||
[...] Interrompo a caminhada e digo interrompo, porque espero repetir a leitura do livro de Cristina Correia. Cada poema um caminho, uma hora, um momento, o intimismo velado ou revelado. Sempre que for relido, os caminhos desdobrar-se-ão, alterar-se-ão, porque nunca se repetem iguais [...]
Do ``Prefácio'' de Armando Pinheiro
|
(A propósito do poema "É Natal no mundo"de Cristina Correia, Aurora Simões de Matos (Poeta/Escritora) escreveu: «Grande texto de intervenção de Cristina Correia...uma voz de peso na Poesia Portuguesa Contemporânea...» Aurora Simões de Matos.
"Mãe, eis aqui os teus filhos, fracos e extravagantes. Não os julgues pelo seu vil cansaço" Charles Péguy
É Natal no mundo.
Há luzes acesas e nuvens no céu,
em Nagasáqui e Hiroxima.
Solitária, a lua colorida
vê gritar o silêncio da guerra,
vê arder semente, raiz, árvore inteira...
Aviões e navios bombardeiam Beirute.
Ao raiar do século, há abraços fraternos,
novelos de chuva e fendas no mar.
Não sei com que pulsos
podemos parar!
É Natal no mundo.
Entre cruzes e almas cintilando,
vejo tão só um pássaro faminto
e vozes gemendo e montes gritando...
Há espaços abertos de gritos e euforia,
no olhar de milhões de pessoas sem abrigo.
Os horrores, em Ruanda, não param de soprar.
Há "campos de matança" no Camboja,
num tempo sem chegadas nem partidas.
Não sei com que dinheiro
podemos pagar!
É Natal no mundo.
Na Mongólia e na Argélia,
no abandono da hora da vida.
Espreitando à janela, aquela criança
vê o míssil lançado à distância,
sem minutos de histórias e brinquedos de esperança...
Em Budapeste, as terras tingem-se de sangue.
O teu canto, colibri, já o não sinto.
Solitária, apenas a lua triste prisioneira.
Não sei com que vidas
podemos contar!
É Natal no mundo.
Desses tristes humanos,
nas teias do “Iraquegate”, já vimos a morte,
já vimos a dor de uma guerra sem fime, nas mãos de uma mulher, um pinheiro, um jasmim.
Solstício de mel, de aromas de vinho,
de canela, de lembranças e de bolinho,
sobre a toalha de renda, um farnel recheado.
É dia de amor, de paz e de sonhos,
por um leito de um beijo, abafado de dor e raiva contida.
Não sei com que Natal
podemos brindar!
É Natal no mundo.
Nas ruas que ninguém vê,
as lágrimas rolam nos passeios, nas caixas...
Há côdeas, há pobres,
muitos pobres... e fome que se esquece.
Na Somália e no Chade,
as vítimas são crianças.
Não sei com que futuro
podemos recordar!
É Natal no mundo.
Não sei com que amanhã
podemos acordar!
Cristina Correia, in Natal Renascido, 2006.
http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?session=1369KTB794312.1499524&menu=search&aspect=subtab11&npp=20&ipp=20&spp=20&profile=bn&ri&term=Natal+Renascido&index=.GW&x=8&y=11
Cristina Correia |
Cerne e o Verso | ||
Mar
Só a maresia dissolve o ar.
Aquela pintura ardente que se debruça na água como um sopro morno de ar cansado, de tanto olhar. | ||
[...] Interrompo a caminhada e digo interrompo, porque espero repetir a leitura do livro de Cristina Correia. Cada poema um caminho, uma hora, um momento, o intimismo velado ou revelado. Sempre que for relido, os caminhos desdobrar-se-ão, alterar-se-ão, porque nunca se repetem iguais [...]
Do ``Prefácio'' de Armando Pinheiro
|
Poesia editada.
4 Poemas, 4 Mulheres…
Mulher Mãe
Do meu mar imenso extravasa, fronteiras
que das lembranças do meu ser, tua visita é presença.
E do meu olhar das parcelas dispersas, até à eternidade,
sinto teu olhar intranquilo, aveludado...
Até sorver o pensamento do universo
comungamos palavras adormecidas e outras vozes...
Ressuscito poemas e nas vozes dos anjos,
ventanias de aromas povoam as casas de pedra da aldeia do mundo,
o âmbar e a cidreira repousam junto das nossas memórias,
almas unidas até além da morte...Mulher,
somos verbo, pujança e trilho.
E quando o céu povoa silêncios, recolhemos
e reunidas reinventamos as palavras
adormecidas nas vozes de estrelas,
guardiãs da nossa consciência, eternamente.
E lutamos.
Mulher Solidão
No burilar da minha solidão
viajo pelo mundo, sem tempo
minha asa pousa "no parapeito da janela do silêncio"
e cai
uma lágrima quente a doer, sem voz
ave ferida...
No burilar da minha solidão
arranco da terra sofrida
a solidão presente
e convivo
nos momentos-horizontes
odor de gaivota-mar.
No burilar da minha solidão
escrevo na água "memória do sempre"
sílabas de paz, fugindo de feridas,
pedindo a Deus
retalhos rendilhados de júbilo
repletos de luz.
No burilar da minha solidão
guardo um musgo,
anos que me restam de vida...
diluída em oração,
sou raiz a "visitar os meus sonhos"
somos nós, a viagem e o tempo.
Mulheres,
Comovidas e Mudas
Ainda sinto o rosto molhado,
por entre as rugas, a água teima em não secar,
e no meu peito rasgado de dor
a angústia de não ter "pátria",
fere-me a alma.
...E num canto de mim,
guardo um musgo,
não de trevas
mas de luz...
Sou benigna,
não sou ninguém!
Sou apenas, sonho, fé,
passos d'alma,
calcorreando
o desconhecido.
No meu incauto,
tenho a minha humanidade!
Levanto-a, como um círio,
a flamejar na noite escura,
e sinto pregos, e seiva,
e hinos em meu peito...
Ah!
Eu amo o Genuíno e o Labor,
Amo as gentes, as palavras, os sonhos...
O sentido das palavras, e das emoções,
Sou apenas, Mulher.
Mulher Coragem
Escuta.
Quero dizer-te
um pequeno segredo.
És a força da Natureza,
De todas as raças, em todos os cantos.
De onde tu vens, tão corajosa!
Meus olhos pousam em ti,
Na tua cândida ternura,
Na tua alma em luto.
Deixa que a vida me diga de ti,
O trabalho, a labuta, a faina…
as mãos gretadas, o perfume das rosas
no teu corpo abençoado.
Deixa que a vida me diga de ti,
o rosto da humanidade sofrida,
o fruto do amanhã, a esperança no infinito,
o presente, Sempre.
Terra de ninguém
Imagino que à passagem do tempo
somos uma estância em metamorfose,
percorremos o limite da utopia
a cada batimento da terra
e, só o silêncio nos é revelado.
Basta ler os lugares dos sonhos
e, de quem os habita.
Mas, na orla infinita do tempo incerto
da passagem da nossa existência humana
há ainda versos por ler
no enleio do fio dos dias.
Nada que agrida me é semelhante.
Nada que floresça me é indiferente.
Atravesso desertos
e, nos desencontros
descubro sinais visíveis, mil reflexos
de sustos e refúgios.
Inocularia na humanidade
alimento indispensável
para as almas da terra de ninguém,
onde a bondade ainda brilha.
Oiço, apenas, a memória que madruga
no envelhecimento da paz.
Fosse eu sempre, uma metáfora apenas
...viajo contigo os caminhos, sempre que me pedires,
tão suavemente que só eu me escuto, inteiramente, a vontade do mundo inteiro…
…com a força do verso percorro os passos que me acompanham a alagar a alma…
…e, em cada percurso, sou aprendiz do tempo
…e, suporto a saudade do que não vivi…
…não sei quanto alento ainda tenho, sei que…
Fico só, inteiramente!
…e, contemplo as palavras mudas.
Pode ser que um dia, eu encontre um jardim que seja a quimera da minha árvore…
vou viajar, vou para um porto.
diz-me, poeta amigo
em que porto brotam os caminhos do pensamento-verdade, da luz, da liberdade...
…porque o meu ser sustido pela vida e pela morte arquiva as palavras
não somente dos poetas mas dos seres terrestres dos pássaros dos gatos
do mar dos rostos dos sofrimentos da guerra da esperança
do espelho do olhar das almas
diz-me, poeta amigo
o rio há-de trazer os recados de Deus
o mar segredará os mistérios de ser e ser-se
…porque o tempo em que vivo morre num porto de África junto ao Geba onde nasceu
…porque se o tempo albergar como um rio onde tudo flui as quimeras dos humanos
Ah… então não haveria tempo para tantos séculos de história nem espaço para os tomos de ciências ancestrais diz-me, poeta amigo o abraço de Deus é luz, flor lilaz, trepadeira selvagem, vales e montes, árvores de ninho, nossos filhos, o dom da ubiquidade, fontes de hiatos vazios...
…que do nada ao menos fique minha razão de viver meu filho ventre rasgado
para teu viver meu monumento de palavras
...porque do trabalho acordo-me ser aprisionado abre-se um lugar no silêncio do poente dos dias e aos
poetas só se pedem palavras e silêncios
...porque somos assim numa guerra assimétrica a doer a erradicar famílias
somos assim humanos de Deus
…que fique só um monumento de palavras sem dor sem mágoas.
…porque o meu ser sustido pela vida e pela morte arquiva sofrimentos da guerra da esperança do espelho do olhar das almas.
digo-te, poeta amigo
o abraço de Deus é um poeta amigo, também.
Abraço
Na terra das palavras
havia poemas e sonhos,
na tua mão eu os colhi.
E na seiva do teu olhar
fui plantar folhas de seda
que colhi no alto mar
preciosas, só para ti…
Sete abraços enfeitaram
pedaços da terra do céu,
sete silêncios cantaram
os Anjos,
melodias, junto de mim
perto de ti…
Aqui jaz
o túmulo do âmago
e o silêncio dos guiados.
Viesse um vento...
eu poderia elevar a vela
num cântico além-mundo.
As mãos cansadas
cantam um poema livre,
a qualquer hora de solidão,
palavra fértil
num vazio derrotado...
Onde cabe o nada
abundam sementes
a anuir
sempre com alma
a embrulhar silêncios...
O cordão umbilical,
o cheiro a rosas,
sabor a lágrimas...
nostalgia.
O contentamento desmedido, o suspiro
e a saudade perpétua do nascer.
Convivo
com brandura
o momento.
Momento
Éramos peregrinos,
cruzámos nossos olhos
dispersos em fragmentos
no rumor do porto rio...
enterraram-se no tempo como farpas.
Hoje,
que eu já não sei
senão eu,
só levo uma mágoa,
um lamento, neste berço de anciania.
A memória devolve
minha ânsia de serenar
esses rostos... indiferentes
descem do crepúsculo em brumas brandas.
Quando o derradeiro pássaro perecer,
não pertenço mais à vida.
Oh! tempo da minha infância!
Manto bordado de Deus!
Deixa-me fitar-te,
somente sou, quando em verso...
E no regresso
tudo coube no olhar com que não vi...
A bonina da fé
portadora dos poetas, dos afagos.
Minha face em luto,
labirinto envelhecido
e, sem saber de mim
brota no intervalo do tempo
a lembrança de uma ruga.
Minha face em cinza,
morre sem renunciar um corte, um risco, uma névoa
e, por vezes, num segundo se aprisiona
o momento.
Quando o derradeiro sopro findar,
não pertenço mais à vida.
E tocará esse piano
neste descaminho benigno,
não conhecendo quem o escute.
Só de longe e recôndito,
o espírito em que habita
tacteará meu rosto
sobre o regaço morno
dum livro cálido
tocado pela emoção.
Sei que já nada é querido.
Venha a viagem quando Deus quiser.
Enquanto houver uns olhos que brilham,
outros olhos que os fitam,
pende meu seio outro céu.
No corpo já almeja outro mar,
minha memória, minha África,
Oh! tempo da minha infância!
Cristina Correia.
Poesia editada.
“A Escola deixará de ser talvez, tal como nós a compreendemos, com estrados, bancos, carteiras: será, talvez, um teatro, uma biblioteca, um museu, uma conversa." León TolstoiPoesia editada.
Cristina Correia
*Professora Bibliotecária RBE
atuabe Bibliotecas Escolares
http://atuabe.blogspot.pt/
Serviços de Referência BE
http://servicosdereferenciabe.blogspot.pt/
Hoje Acontece XXI
http://hojeacontecexxi.blogspot.pt/
Academia de Letras e Artes Lusófonas
http://aclalusofonas.blogspot.pt/
cerne e o verso
http://cerneeoverso.blogspot.pt/
clube Marado’s Academy Música
http://f-clubemaradosacademy.blogspot.pt/
Cristina Correia
.Professora Bibliotecária (RBE) - Lamego (2011/2012-2012/2013)
.Licenciatura Animação Sócio-Cultural IPV* ESE, 2002.
.GR100.
.Docente QE/QA - 6º escalão/índice 245.
.Curso/Formação em Bibliotecas Escolares:
.Software educativo - exploração e construção de pequenos programas multimédia 2003 - 50h
.Bibliotecas Escolares: Novas competências p/ novas aprendizagens Parte I FEUP* 2004 - 200h
.Bibliotecas Escolares: Novas competências p/ novas aprendizagens Parte II FEUP* 2004 - 100h
.Bibliotecas Escolares: formação de Professores Bibliotecários FPCEUP* 2005 - 200h
.Avaliação do funcionamento de biblioteca 2ª Edição FPCEUP* 2008 - 30h
.Texto para crianças 2009 - 75h
.Certificado em Competências Digitais DREN, 2010.
.Gestão de Conflitos DREN, 2010.
.Avaliação de Desempenho CFAE Vila Real, 2010.
.Planeamento e Organização de Unidades Documentais (Bibliotecas) FPCEUP*, 2011 – 2012.
.Planeamento e Gestão do Espaço em Unidades Documentais (Bibliotecas) FPCEUP*, 2011 – 2012.
Formando:
.Pós-Graduação: Leitura, Aprendizagem e Integração das Bibliotecas nas Actividades Educativas (I) FPCEUP* 2012-2013.
* FEUP - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto * FPCEUP - Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto * IPV - Instituto Superior Politécnico de Viseu - Escola Superior de Educação (ESE)PL.
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